Faleceu em setembro último o secretário-geral do Movimento Popular Revolucionário Paraguay Piahura, Eris Cabrera, que nasceu em 2 de agosto de 1958, na cidade de Piribebuy, crescendo nesta zona onde, nos anos 60 e 70, se desenvolveram as experiências das Ligas Agrárias Camponesas e a Comuna Guerrilheira Mariscal López, liderada pelo comandante Agapito Valiente. Sua consciência de classe floresceu nesse período, avançou e se transformou em ideais revolucionários, surpreendendo Eris ainda estudante.
Em 1977, juntamente com outros dirigentes metalúrgicos, Cabrera, agora operário, fundou o Sindicato Nacional de Operários e Metalúrgicos (Sinoma), que em plena ditadura stronista, organizou intensas jornadas de lutas, greves e outras mobilizações. Na década de 80 cria-se a Coordenadoria de Solidariedade Sindical Camponesa (CSSC), que se constituiu no atual Movimento Popular Revolucionário Paraguay Pyahura (MPR PP). A maior parte deste processo de constituição do movimento foi realizado sob a direção e liderança de Eris Cabrera, que sempre se sobressaiu pela sua dedicação, elaboração e clareza política nas diferentes ações e táticas de luta. Seu pensamento e sua militância estiveram permanentemente a serviço da luta do povo trabalhador paraguaio.
A tríplice fronteira, chave da estratégia ianque
Há um ano, os poderes imperiais decidiram pela política de instigar rivalidades e a levantar suspeitas sobre a vida dos povos irmãos na região da Três Fronteiras, afirmando descaradamente que naquele ponto onde se encontram, e vivem, três povos irmãos latino-americanos, é um enclave do "terrorismo internacional". Victor Hugo Ducrot, do periódico Liberación, é preciso ao afirmar que a verdadeira intenção dos USA é o de exercer absoluto controle sobre o ponto que une Argentina, Brasil e Paraguai, fincando uma base de operações militares para desenvolver atividades estratégicas de dominação.
A patranha do Departamento de Estado ianque pretende criar em Puerto Iguaçu, Foz do Iguaçu, e Cidade del Este (Argentina, Brasil e Paraguai, respectivamente) a imagem de um foco de correntes islâmicas extremistas e que organizações ali se instalaram, ainda que os USA não tenha se dado ao trabalho de apresentar uma única prova do que dizem. Por outro lado, é sabido que a maior organização terrorista do mundo (o CIA) mantém escritórios atuantes encravados em vários pontos dos territórios nacionais do Brasil, Argentina, do Paraguai e, praticamente, em todos os países do mundo.
Há um ano, havia chegado ao Paraguai um ianque ostentando o ridículo título profissional de "coordenador antiterrorista" — um tal Francis Taylor. Quase doze meses depois, aparece uma missão de legisladores ianques no Paraguai. Bisbilhota, pede informações e, finalmente, decreta: há um ninho de terroristas nas Três Fronteiras. Imediatamente 15.000 habitantes de origem árabe são considerados suspeitos de fanáticos e sabotadores. Outros "visitantes" sucederam Francis, e mencionam a existência de células adormecidas do terrorismo na localidade.