Cabul – Os familiares dos prisioneiros da Al Qaeda, do Afeganistão, encarcerados na base ianque de Guantánamo, em Cuba, temem que eles sejam mantidos presos por tempo indeterminado ou julgados sem representação, num tribunal militar, ficando sujeitos à pena de morte.
A denúncia foi apresentada depois que a juíza Colleen Kollar-Kotelly decidiu que os cidadãos estrangeiros detidos em Guantánamo, não poderão ser julgados nos Estados Unidos. O Estado norte-americano se recusa a classificar os capturados no Afeganistão como prisioneiros de guerra, sob o argumento de que eles não pertencem a uma hierarquia militar reconhecida e que, por isso, não mereceriam os direitos de soldados capturados, ou vencidos em campo de batalha.
Para o advogado inglês Stephen Jakobi,, diretor da organização "Julgamentos Justos no Exterior" (Fair Trials Abroad), as famílias devem apelar da decisão na Suprema Corte americana. "Nós temos tentado, consistentemente, tirar estas pessoas do limbo legal e colocá-las em uma situação de julgamento razoavelmente justa", afirmou ele. Até agora, nenhum dos 600 prisioneiros de Guantánamo foi acusado formalmente de ter cometido algum crime.
Para Jakobi, existe o risco real dos prisioneiros passarem o resto de suas vidas em Guantánamo sem serem julgados.
Campo de concentração nazista
Tal como um campo de concentração da Segunda Guerra mundial, a base ianque de Guantánamo serve de laboratório onde experiências abomináveis são feitas com os prisioneiros afegãos. As fotos do local, com os prisioneiros agachados, chocaram o mundo. Eles estão sendo submetidos a uma "privação sensorial" por parte de seus algozes americanos; mantidos, por longos períodos, de joelhos, com os pés e mãos amarrados; com os olhos vendados; de luvas e com os ouvidos tapados; vestidos com um macacão sintético, totalmente inapropriado para um clima tropical como o de Cuba, pois acumula um calor intenso. Ou seja, os prisioneiros são torturados, butalmente, através do isolamento total dos seus sentidos. Algo que faria inveja ao mais aplicado carrasco nazista.
O jornal de extrema direita "The Mail", que geralmente apóia tudo que os Estados Unidos fazem, colocou a manchete de "Torturados" embaixo da foto. "Esses prisioneiros não podem ouvir nada, nem cheirar, e nem sentir" disse o tablóide, descrevendo os prisioneiros como sendo "tratados como animais". "Mãos e pés algemados, ajoelhados em posição submissa. É isto o que o presidente Bush e o primeiro ministro Blair da Inglaterra chamam de nossa civilização?" pergunta o jornal. As fotos são tão chocantes que "certamente irão intensificar o ódio internacional por causa das condições em que são mantidos os prisioneiros sob o sol inclemente da Baía de Guantanamo, em Cuba", escreve o jornal.