Após uma combativa greve estudantil deflagrada em fevereiro último no campus da cidade de Rolim de Moura da Universidade Federal de Rondônia – UNIR, a professora Marilsa Miranda de Souza se tornou o alvo principal de ataques difamatórios de todos os setores reacionários da universidade, sofrendo inclusive ameaças de morte.
UNIR: estudantes em greve contra a destruição do ensino
Marilsa, membro do Departamento de Educação da UNIR, deu vários motivos (do ponto de vista da reação) para ser atacada pelos fariseus da cátedra semifeudal: primeiramente por ser uma mulher independente e combativa (sinônimo de ‘crime’ em uma sociedade machista em que impera a ideologia burguesa); é uma inquieta e incansável lutadora por todos os direitos do povo; não oculta em momento algum sua opção por apoiar as bandeiras de luta dos estudantes, professores e servidores da universidade e se opor a qualquer manifestação de autoritarismo; é integrante e ativa militante do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos – Cebraspo, atuando na defesa da luta dos camponeses pobres, denunciando os crimes do latifúndio e agressões contra os trabalhadores do campo e cidade em Rondônia. Se para os reacionários, apenas um desses quesitos bastava para persegui-la, quanto mais todos combinados.
Estoura a greve
Em 22 de fevereiro de 2010 os estudantes da UNIR deflagraram a greve no campus de Rolim de Moura.
O semestre letivo mal havia começado, mas os motivos da greve, amplamente divulgados pelo Diretório Central dos Estudantes da UNIR revelam um quadro de completo abandono e degradação das instalações da universidade. Os alunos acusavam:
- A falta de banheiros e a péssima conservação das instalações sanitárias que não dispunham sequer de água, o banheiro destinado aos professores encontrava-se interditado há um ano;
- Falta de material de limpeza.
- Falta de água potável para consumo dos alunos, funcionários e professores;
- Falta de instalações de energia suficientes para alimentar as necessidades do campus.
- Os computadores dos laboratórios não funcionam, são obsoletos;
- A biblioteca do campus Rolim de Moura está fechada;
- As ruas e pátio de entrada do campus são, conforme denunciaram os estudantes, "verdadeiros atoleiros de lama";
- Faltam professores; dentre outros problemas que prejudicam ou impossibilitam a realização das aulas, afetando assim, a qualidade de nossa formação profissional.
- Os laboratórios são precários e sem manutenção;
Estes foram os motivos da greve estudantil, que contou com o apoio da maioria dos professores do curso de pedagogia e até mesmo em outras unidades da UNIR. Somente assim, contando com amplo apoio e apoiando-se em reivindicações profundamente sentidas por todos, a greve poderia se sustentar (como se sustentou) durante 15 dias, até que a maioria das demandas fossem atendidas. Até mesmo o Ministério Público Federal chegou a determinar um prazo para que o Reitor da UNIR Januário Amaral apresentasse um projeto para a reforma do campus, o que não foi cumprido em tempo.
Mas o fato é que após uma grande movimentação estudantil que repercutiu nas rádios e emissoras de TV locais, com milhares de panfletos e mobilizações, o reitor despachou desde a capital Porto Velho cinco computadores, um bebedouro e material de limpeza. Algumas das reivindicações mais urgentes foram atendidas e as mobilizações contribuíram para o fortalecimento da organização dos estudantes, professores e funcionários.
Fim da greve, início das perseguições
Ainda durante os dias de greve, em momentos diversos, alguns professores dentre os mais reacionários, não se contiveram apenas em detratar os estudantes e seus apoiadores, eles chegaram ao ponto de ameaçar estudantes. Alguns desses episódios foram registrados em boletins de ocorrência policial.
Já terminada a greve estudantil uma mensagem eletrônica "anônima" chegou à maioria dos computadores de professores da UNIR. Era uma mensagem difamatória contra todos os professores que haviam apoiado a luta estudantil. Injúrias de cunho pessoal mas com o objetivo de alquebrar a autoridade moral e política desses professores. O ódio desse mensageiro eletrônico da reação voltou-se especialmente contra a Professora Marilsa Miranda de Souza. O próprio reitor da UNIR, segundo relatou a própria professora Marilsa, encaminhou essa mensagem difamatória para outros professores utilizando seu próprio correio eletrônico acrescentando em seu cabeçalho o comentário: "Olhe o que recebi".
Ameaça de morte
A greve estudantil da UNIR em Rolim de Moura revelou um estado de profundo abandono e descaso. Quanto mais se questionou de denunciou, mais e mais problemas e perguntas sem resposta surgiram à tona. Enquanto o campus não possuía sequer água potável, a reitoria anunciava a compra milionária de um terreno para a instalação de novos cursos, apesar do ambiente insalubre das instalações do campus Rolim de Moura.
As denúncias incomodaram profundamente alguém que operava e mantinha todo esse caos na surdina. E quando esses seres que pululam nas esferas mais altas da universidade, na maioria das vezes mancomunados com pessoas afins dos gerenciamentos de turno do Estado, aí sim, seu ódio extravasa e perde todos os limites.
Recentemente o Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Rondônia – DCE/UNIR denunciou a ameaça de morte contra a professora Marilsa.
No dia 7 de abril, a presidente da ADUNIR – Seção Sindical do ANDES/SN, Professora Walterlina Brasil, recebeu um telefonema em que uma pessoa revelando que atentariam contra a vida da Professora Marilsa. Preocupada, a professora Walternina imediatamente comunicou aos familiares e à própria Marilsa o telefonema.
Diversos setores democráticos da UNIR, organizações estudantis, sindicais, de defesa dos direitos do povo, advogados democráticos fazem uma campanha nacional de denúncias e em defesa da professora Marilsa e contra as perseguições na UNIR.