Estudantes apoiaram a greve dos professores
Em março, Honduras foi palco de uma vigorosa greve nacional de professores que durou três semanas e, ainda que o movimento tenha chegado ao fim sem que o magistério tenha alcançado seus objetivos, ratificou essa categoria profissional como uma das espinhas dorsais da histórica resistência popular hondurenha à exploração e às ingerências do imperialismo em sua nação, cujo mais recente e notório episódio foi a deposição do “presidente” Manuel Zelaya por um gerente mais afinado com as diretrizes de Washington, Porfírio Lobo.
Os professores de Honduras entraram em greve pelo pagamento de meses de salários atrasados, em repúdio a uma lei, ora em tramitação no Parlamento servil a Porfírio Lobo, que abre a porteira para a privatização da educação pública, e contra o novo estatuto nacional da carreira docente pretendido pela gerência hondurenha de turno, que arranca-lhes direitos e garantias conquistados à base de muita luta.
Iniciado o movimento grevista, os professores de Honduras realizaram marchas diárias na capital do país, Tegucigalpa, a fim de não deixar o ânimo dos companheiros arrefecer e de conscientizar toda a população acerca da legitimidade e da importância da sua pauta de reivindicações para todo o povo hondurenho. Apesar das ameaças e da repressão policial, os docentes seguiram firmes em sua luta contra as políticas antipovo ditadas pelo imperialismo ianque ao seu fantoche bem remunerado.
A reação da gerência de Porfírio Lobo, entretanto, anunciou-se especialmente feroz quando o movimento dos professores ganhou maior dimensão. No domingo dia 27 de março, o adido do imperialismo emitiu um comunicado difundido em cadeia nacional de rádio e televisão ordenando aos professores que voltassem às salas de aula, pois, caso contrário, sofreriam as consequências. Tentando difamar os honrados e combativos docentes, o “presidente” disse à nação que a greve causava “danos graves às crianças, aos pais e à sociedade, degenerando até em atos de vandalismo repudiáveis num Estado de direito”.
Nem Lobo, nem Zelaya
Como se pode ver, a ladainha reacionária, com suas calúnias e ameaças, é parecida nas diferentes latitudes quando os trabalhadores se mobilizam em defesa dos seus direitos e contra a devastação capitalista dos serviços públicos e do patrimônio do povo.
Os professores denunciam que uma companheira sua morreu, pelo menos 40 docentes ficaram feridos e mais de cem foram presos pela polícia ou pelas forças armadas hondurenhas, espinha dorsal daquele velho Estado latino-americano, que costuma ser mobilizada e se mobilizar não contra o inimigo ianque do povo, mas sim contra os trabalhadores em sua justa luta de interesse nacional contra o acatamento das ordens do FMI.
Os docentes, e também os pais e alunos que marcharam com eles fazendo tremer as ruas de Tegucigalpa, foram atacados com bombas de gás lacrimogêneo e canhões de água, tudo para impedir que as marchas se aproximassem do palácio presidencial, onde o Lobo se esconde.
Mas a altivez com que os professores foram resistindo aos ataques da reação inspirou outras categorias profissionais à mobilização, como a dos funcionários hospitalares, e estimulou até a realização de uma greve geral de um dia contra o aumento dos preços dos alimentos.
A greve dos professores, porém, terminou no dia 4 de abril em função de velhas doenças. O movimento acabou perdendo força por causa do divisionismo promovido pelo Estado no seio da organização do movimento, encontrando terreno fértil no fato de que em Honduras as frentes de resistência às políticas antipovo ainda estão contaminadas por grupos saudosos do demagogo Manuel Zelaya.
Sejam os iludidos, sejam aqueles que nutrem pretensões eleitoreiras mesmo, não importa, eles acabam obscurecendo uma convicção fundamental para o povo hondurenho e para suas lutas: não é nem Zelaya, nem Lobo, nem qualquer outro lambe-botas o que interessa; o que interessa é a conscientização das massas trabalhadoras para elas próprias fazerem valer sua autoridade.