Na França, os trabalhadores protestam contra as medidas da UE e do FMI
A luta de classes se acirra na Europa, e muitas nações daquele continente estão em franca ebulição, com as massas nas ruas conscientes de que o que está em curso é um processo de golpe de morte no capital monopolista moribundo. Na virada de setembro para outubro, um dos palcos de protestos mais agigantados foi Portugal. No sábado, dia 29 de setembro, as massas trabalhadoras portuguesas voltaram a ocupar o terreiro do Paço, no centro de Lisboa, para protestar contra o arrocho do povo para satisfazer os ricos, contra “o roubo dos salários e das aposentadorias”, menos de duas semanas após um dos maiores protestos da história do país, levado a cabo no mesmo local.
O Banco Central Europeu emitiu um relatório com elogios ao arrocho imposto pela gerência de Portugal ao povo do país, dizendo que foram tomadas “medidas importantes para aumentar a flexibilidade nas negociações laborais e reduzir a excessiva proteção do emprego”, e completando, para assombro geral, que a draconiana “austeridade” configurada até o momento constitui apenas os “primeiros passos para melhorar a competitividade” do país.
Já se organizam em Portugal greves contra a requisição do patronato de reduzir os pagamentos em feriados.
Um grupo de gregos aludiu ao nazismo durante a visita de Angela Merkel
No dia 9 de outubro, a capital grega, Atenas, incendiou-se com a fúria popular ante a visita ao país de Angela Merkel, representante dos bancos alemães “credores” da dívida grega, para uma reunião com seus paus-mandados da gerência local. O bairro inteiro das cercanias da praça do Parlamento, a praça Syntagma, foi isolado pelas forças de repressão para Merkel passar.
No último dia 30 de setembro a capital da França, Paris, foi palco de uma gigantesca marcha de rechaço às políticas do “presidente” e “socialista” recém-eleito François Hollande e de conclamação à resistência dos franceses às contrarreformas requisitadas em toda a Europa pela cúpula da União Europeia e pelo FMI. No mesmo dia, na Bélgica, milhares também saíram às ruas contra a precarização geral em curso.
Um dia antes, no dia 29 de setembro, dezenas de milhares de trabalhadores saíram às ruas em nada menos do que 40 cidades da Alemanha para protestarem contra a deterioração das condições de vida no país, noves fora as tentativas de dirigismo por parte de facções partidárias eleitoreiras ora na oposição à atual administração do Estado alemão. Na cidade de Frankfurt, os manifestantes se concentraram na frente da sede do Banco Central Europeu.
Na Alemanha, o desemprego subiu em setembro pelo sexto mês consecutivo, com a eliminação de nove mil postos de trabalho. É a crise internacional de superprodução relativa do capitalismo acossando uma das nações imperialistas mais fortemente calcadas em uma matriz exportadora, cujo consumo interno – dizem os próprios analistas empoleirados nas consultorias da burguesia – não deverá ser capaz de suprir a baixa das exportações a ponto de evitar uma recessão alemã no médio prazo.
Na véspera dos protestos coordenados na Alemanha, dia 28 de setembro, durante uma jornada de greve no setor público, dezenas de milhares de italianos marcharam pelas ruas de Roma em protesto contra o anúncio da demissão sumária de 10% dos servidores da Itália.
Espanha: radicalização ante mais medidas
Na Espanha, os políticos títeres do FMI e da Europa do capital monopolista foram acuados pelas massas revoltosas em três gigantescos cercos populares ao Congresso do país no intervalo de menos de uma semana. As ações, batizadas de “Cerquem o Congresso”, foram realizadas nos dias 25, 26 e 29 de setembro. Milhares de pessoas atenderam à convocatória geral para desafiar a proibição das autoridades às manifestações nas imediações do Congresso. As massas entoavam coros de protesto dirigidos ao legislativo e à gerência fantoche de Mariano Rajoy, como o que dizia: “Que não, que não, que não nos representam”.
A repressão foi feroz, sobretudo no primeiro dia de cerco ao Congresso espanhol. Trinta e cinco pessoas foram presas e dezenas ficaram feriadas por causa da violência policial. Os populares denunciaram a “estratégia de produção de medo” e a criminalização da insatisfação popular que vêm sendo levadas a cabo pelas “autoridades” espanholas, ante os ouvidos moucos do monopólio da imprensa, cujos enviados especiais para as ruas de Madri chegam aos locais de protesto para “reportar” patranhas e calúnias visando mesmo desqualificar a luta do povo.
Os protestos populares na Espanha vão-se tornando cada vez mais radicalizados à medida que Mariano Rajoy atende a mais e mais requisições do FMI e da União Europeia, anunciando quase que um novo pacote de medidas antipovo por semana.
As últimas foram os anúncios da prorrogação do congelamento dos salários dos funcionários públicos para 2013 também (que será o terceiro ano consecutivo sem aumentos) e da suspensão de novas contratações para a função pública, além da não renovação dos contratos de muitos trabalhadores, o que, segundo os sindicatos espanhóis, eliminará meio milhão de postos de trabalho, avolumando o montante de quase 200 mil empregos que desapareceram nos últimos tempos, além deteriorar ainda mais a qualidade e reduzir o alcance dos serviços públicos prestados à população.