“Ocupar Wall Street”: milhares protestam contra privilégios dos ricos
Os ataques mais truculentos contra o proletariado, antes só vistos nas semicolônias, vêm sendo desferidos com espantosa velocidade nas ditas economias desenvolvidas. Em resposta, as massas vêm levando a cabo inúmeros e vigorosos protestos na Europa e no USA, uns mais outros menos organizados, uns mais outros menos consequentes, mas todos denotando grande ânimo dos trabalhadores para lutarem por seus direitos e contra o acirramento dos arrochos intentados pelos Estados capitalistas.
Na Itália, greve geral contra o “plano de austeridade”. Na Espanha, novas ações do movimento dos “Indignados” e retumbantes marchas contra a proposta de limitar o déficit público do país em 0,4% do PIB. Houve uma grande manifestação em Madri no dia 6 de setembro.
Na Alemanha, ataques contra o patrimônio dos ricos, com carros de luxo incendiados em bairros “nobres” de Berlim, aterrorizam a elite sanguessuga da capital germânica. Na Grã-Bretanha, milhares de pessoas atenderam à convocatória dos estudantes para jornadas de protestos em Londres e Manchester contra a pretensão da administração David Cameron de economizar 92 bilhões de euros nos próximos quatro anos a custa dos direitos trabalhistas e do sucateamento dos serviços públicos.
Em 17 de setembro, 50 mil trabalhadores de toda a Europa marcharam na cidade de Wroclaw, no sul da Polônia, em um gigantesco protesto contra as políticas anti-povo elaboradas pelos ministros das Finanças do continente que ali estavam reunidos para tramarem uma nova rodada de sacrifícios de empregos e salários.
No USA, onde Obama quer economizar US$ 3 trilhões nos próximos dez anos cortando gastos com os serviços públicos, centenas de jovens marcharam e acamparam no centro financeiro de Nova York a partir do dia 17 de setembro em protesto contra o capitalismo, a corrupção e o arrocho orçamentário que seria anunciado no início da semana seguinte. O movimento, batizado de “ocupação de Wall Street”, seguiu os moldes dos movimentos antieleitoreiros que se espalharam pela Espanha e pela França .
No dia 17 a juventude estadunidense marcou encontro em frente à estatua ícone de Wall Street, o touro, e realizou uma “assembleia popular” no arranha-céu One Chase Manhattan Plaza, e marcharam rumo à Bolsa de Valores de Nova York. No caminho, encontraram uma gigantesca barreira policial, fruto de uma ostensiva operação das forças de repressão para conter o protesto.
Várias correntes se uniram para protestar no centro financeiro do USA
Os manifestantes permanecerem acampados nos arredores de Wall Street até a abertura do pregão da segunda-feira para festejar a queda livre do índice dos principais mercados de ações do mundo, que naquele dia despencaram (outra vez) em função do agravamento da agonia do Estado grego falido.
Os protestos prosseguiram por vários dias, com cada vez mais gente. Em 1º de outubro, numa menifestação que marchou pela ponte do Brooklin, nada menos que 700 pessoas foram presas. Até o fechamento dessa edição (4/10) os protestos prosseguiam em Wall Street.
Grécia: plano quinquenal de arrocho das massas
Na Grécia, aliás, a gerência “socialista” de Georges Papandreou disse amém mais uma vez para os bancos alemães e franceses, que juntos detém 66,5% da dívida grega (o Reino Unido, terceiro maior credor, tem 9,6%), e anunciou novas medidas antipovo no âmbito do plano quinquenal (2011-2015) de arrocho das massas.
Ante a notícia de que a gerência da Grécia pretende levantar 78 bilhões de euros até 2015 com privatizações a fim de pagar juros para os bancos da Europa do capital monopolista, movimentos já estão organizando novas ações contra os ataques aos trabalhadores e ao patrimônio público grego e para mostrar ao mundo a real situação do povo do país, que oficialmente padece com uma taxa de desemprego de 16% (a maior dos últimos 13 anos) que pode na realidade já estar superando a marca de 20% da população.
Em outubro a gerência grega vai começar a implementar cortes salarias que irão corroer aproximadamente 40% da renda mensal de parcelas do funcionalismo público.
Todos os dias Atenas é palco de protestos com mobilizações de diversas categorias profissionais, como taxistas, lixeiros e servidores fiscais, e de estudantes. Chamou a atenção um protesto de cerca de 300 surdos-mudos na frente do ministério grego das Finanças contra a decisão de cortar o direito deles a uma subvenção mensal para pagar as despesas de intérpretes em trâmites judiciais. Uma nova greve geral foi convocada para o dia 6 de outubro.
Em 4 de outubro, os manifestantes ocuparam os ministérios da Saúde, Agricultura, Finanças, Justiça e Cultura. Simultaneamente, estudantes ocuparam o Ministério de Ensino. Um dia antes, em protesto ocorrido também em Atenas, os estudantes entraram em confronto com a polícia.
Em Portugal, seguem as ações classistas contra o pacto de agressão ao povo português acertado entre a gerência local, o FMI e o Banco Central Europeu. Os protestos acontecem em todo o país, seja contra o aumento de 40% nos preços dos transportes públicos nos últimos seis meses, seja contra os despedimentos. Cerca de 38 mil professores estão desempregados em Portugal, fruto da política do governo de não contratar ninguém para substituir os que vão se aposentando, penalizando os profissionais e os estudantes.
No dia 3 de outubro, 130 mil portugueses marcharam contraas medidas antipovo.