Pusilânime, o gerenciamento petista é cúmplice da matança no campo

Pusilânime, o gerenciamento petista é cúmplice da matança no campo

Os assassinatos dos camponeses Cláudio Ribeiro da Silva, Maria do Espírito Santo e Erenilton Pereira dos Santos, no Pará, e Adelino Ramos, em Rondônia, bem como outras dezenas de assassinatos de lideranças populares não noticiadas pelo monopólio de comunicação, escancaram para o povo brasileiro a diferença gritante entre o discurso da gerência PT-FMI acerca do problema agrário e a real política de criminalização da luta no campo, principalmente dos movimentos combativos e independentes, mas até de setores menos domesticados dos movimentos governistas.

A gerência do oportunismo desde 2002 é, sem dúvida, o período de maior terror no campo desde a chamada “redemocratização”. Por trás de um discurso populista e de práticas clientelistas visando a conformação dos novos currais eleitorais na população mais pobre, esconde-se a mais odiosa criminalização da pobreza e dos movimentos populares, especialmente dos revolucionários.

A chamada “reforma agrária” do velho Estado é um fracasso retumbante. Chega ao ponto de até mesmo o neoliberal Cardoso poder se vangloriar de ter “assentado” mais famílias que o gerenciamento oportunista de Luiz Inácio. Por outro lado, a violência contra os camponeses cresceu exponencialmente, cometida tanto por instituições estatais como pelos latifundiários através dos velhos procedimentos, a pistolagem e grupos paramilitares, que passaram e seguem com liberdade total.

Segundo dados da CPT, que divulga relatórios periodicamente, diga-se de passagem dados subestimados, 289 camponeses foram assassinados durante a gerência Luiz Inácio, mais que na gerência de Cardoso.

Apenas esse número já revela dois elementos: que a luta e os conflitos de terra se agravaram e que não há a mínima vontade do gerenciamento oportunista de conter a violência no campo e punir os responsáveis. Isso porque a política do velho Estado é a de proteger o latifúndio, aprofundar o monopólio da terra e assegurar a manutenção das arcaicas relações de propriedade que se dão no agrário, encorajando a reação latifundiária e seus grupos paramilitares. Muito ao contrário do que vem agora dizer Dilma e seus ministros, de que vão dar proteção às lideranças ameaçadas de morte na Amazônia, os fatos, os assassinatos, os cadáveres dos pobres seguem sendo atirados na cara do país.

Esses relatórios oficiais são terrivelmente subestimados, uma vez que casos flagrantes acompanhados por AND não foram incluídos. Por exemplo, em 2007/2008 a famigerada operação “Paz no Campo” ordenada pela ex-governadora Ana Júlia Carepa – PT foi desencadeada contra as centenas de famílias que haviam ocupado o latifúndio Forkilha, no sul do Pará. Centenas de camponeses foram presos e barbaramente torturados com afogamentos, espancamentos, introdução de bastões no ânus e simulações de execução. Na esteira dessa operação, 13 lideranças foram assassinadas ao longo de 2008, culminando com a execução de Luiz Lopes de Barros, histórico dirigente camponês e dirigente da Liga dos Camponeses Pobres, em junho de 2009. Igualmente, em dezembro de 2009, Elcio Machado e Gilson Gonçalves, membros da mesma organização citada, foram sequestrados por um grupo formado por pistoleiros e policiais a soldo do latifundiário Dilson Caldato, cruelmente torturados tendo parte da pele arrancada bem como uma orelha de cada um deles e por fim executados em Rondônia. Nenhum desses casos consta dos relatórios da CPT, menos ainda da Secretaria de Direitos Humanos ou qualquer órgão do Estado.

Isso também revela que existem dois pesos e duas medidas no tratamento dos conflitos no campo. Nenhuma surpresa. Quando dos assassinatos das lideranças acima mencionadas ocorreu, nem sequer uma nota de pesar foi emitida pelos órgãos estatais, já que esses camponeses não tinham rabo preso com o oportunismo e seus “movimentos sociais politicamente corretos”. Pelo contrário, lutavam pela destruição completa e cabal do latifúndio, de forma independente e radical, desmascarando a farsa de “reforma agrária” do gerenciamento de turno.

Ao lado de denunciar os crimes do latifúndio e a responsabilidade e cumplicidade das autoridades desse Estado genocida é preciso esclarecer a opinião pública sobre o caso Adelino Ramos. Este há muito abandonou a luta combativa, traiu seus companheiros transformando o Movimento Camponês Corumbiara (MCC) numa de suas arapucas dedicadas ao tráfico de lotes em parceria com agentes do Incra de Rondônia. Ficara conhecido não somente por seu apoio à luta dos camponeses de Santa Elina na condição de presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Corumbiara, mas também ficou tristemente conhecido por roubo de madeira de seus próprios companheiros no assentamento Santa Catarina (hoje povoado de Palmares-Theobrama/RO). Conhecido por todos os camponeses daquele estado pelos seus “métodos democráticos” de fazer ameaças de morte a quem lhe contrarie. Espertalhão e matreiro, conquistou antipatia e ódio por todos acampamentos de sem-terra onde atuou, recebendo apenas 30 votos nas eleições para vereador em Candeias do Jamari em 2008 e, por fim, caindo nas graças do arquioportunista eleitoreiro pecedobê.

Por fim, está claro para todos que o problema agrário é um problema nacional, e não de segurança nacional, como quer fazer crer a gerência oportunista enviando contingentes e mais contingentes militares para a Amazônia. A solução do problema agrário no Brasil passa pela destruição completa do latifúndio e eliminação das relações semifeudais no campo. Como estes compõem um pilar da sustentação do velho Estado, é claro que o oportunismo à sua testa, como guardião de turno dos interesses das classes exploradoras, não deseja e não pode realizar nada que não seja a velha demagogia.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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