Em Copacabana, agentes roubam mercadorias de trabalhadores
Como foi publicado em AND 50 — Choque de Ordem de Paes é crime contra o povo — a operação Choque de Ordem, promovida pelo recém empossado gerente municipal Eduardo Paes, continua perseguindo trabalhadores, como ambulantes, pequenos comerciantes e mototaxistas, além de moradores de rua e ocupações.
Em janeiro e no início de fevereiro, milhares de vendedores ambulantes tiveram suas mercadorias roubadas, centenas de moradores de rua foram intimidados por agentes e várias construções ditas irregulares foram demolidas — incluindo prédios — deixando centenas de pessoas sem ter onde morar e milhares de trabalhadores sem ter como trabalhar.
Nas semanas seguintes continuaram as agressões. Na quarta-feira (18 de fevereiro), em um dos acessos ao morro Pavão-Pavãozinho, um depósito usado por vendedores ambulantes e catadores de latas de alumínio foi invadido e todo o material de dezenas de trabalhadores foi apreendido. Foram quatro "burros-sem-rabo" (carrinho de mão usado no transporte das mercadorias), um triciclo e mais de uma tonelada de alumínio, além de uma Kombi, que também pertencia aos trabalhadores.
Na quinta-feira (26 de fevereiro), o Choque de Ordem mais uma vez perseguiu trabalhadores que vivem do comércio na praia. Em Copacabana isopores, bebidas, cadeiras de praia, guarda-sóis e "burros-sem-rabo" foram apreendidos pelos agentes. Um trabalhador foi detido e levado para a delegacia algemado porque não possuía um documento com foto.
Na quarta-feira (5 de março), um depósito na Rua Visconde de Maranguape, na Lapa, foi invadido por policiais e agentes da prefeitura e toda a mercadoria foi roubada, pois nenhum laudo de apreensão foi entregue aos trabalhadores. Isopores, carrocinhas e uma enorme quantidade de alimentos foram levados do local, usado por vários trabalhadores para guardar seu material. No mesmo dia, momentos antes da invasão, o bairro amanheceu com centenas de cartazes espalhados pelas ruas com os dizeres: "Eduardo Paes fascista", "Choque de ordem é extermínio de pobres" e "Paes não traz paz", mostrando que os trabalhadores conhecem bem a situação e o principal protagonista desse crime contra o povo.
Também na Lapa, moradores da ocupação Carlos Marighela, na Rua do Riachuelo, denunciam que o espaço ocupado por mais de 60 famílias foi invadido pela prefeitura e toda a mercadoria foi roubada e colocada dentro de caminhões de lixo. Eles também denunciam agressões aos trabalhadores que ocupam a área e até aos pedestres que se solidarizavam e tentavam ajudá-los de alguma forma.
Outra ocupação, na Rua Gomes Freire nº 510, que já existe há um ano e abriga cerca de 40 famílias, foi ameaçada no início de janeiro por Eduardo Paes. Um mandato de reintegração de posse definiu que no dia 8 de janeiro a área deveria ser desocupada, mas depois de diversos apelos os trabalhadores conseguiram o adiamento da desocupação e seguem resistindo.
No início de fevereiro, uma equipe da prefeitura foi até a ocupação Zumbi dos Palmares, na Avenida Venezuela, Centro da cidade e entregou aos moradores uma notificação de interdição do prédio por conta de uma marquise que estaria prestes a cair, informação essa desmentida pelos trabalhadores. A notificação soa como mais uma ameaça da operação Choque de Ordem a trabalhadores membros de ocupações e que lutam arduamente, dia após dia, pelo direito a moradia em um país com um dos maiores déficits habitacionais do mundo.
Mesmo oprimidos violentamente pela gerência fascista de Eduardo Paes, trabalhadores seguem resistindo de maneira combativa aos incessantes ataques. Em plena terça-feira de carnaval (24), na orla de Copacabana, cerca de 20 guardas municipais que estavam em duas kombis e dois carros estacionaram próximos a um grupo de ambulantes para reprimi-los e roubar suas mercadorias. Mais de 60 ambulantes juntaram-se aos companheiros de trabalho que estavam sendo atacados e entraram em um violento confronto com os guardas deixando os quatro veículos destruídos por paus e pedras e três guardas municipais feridos.
Enquanto perdurar esse sistema de exploração e miséria, gerentes como Eduardo Paes, empossados diretamente para defender os interesses das classes dominantes, irão atacar trabalhadores indiscriminadamente com o pretexto de promover "ordem" e "segurança" para o espaço público, ao custo da eliminação de todos os direitos dos mais pobres, nesse caso à moradia e principalmente ao trabalho.