Quero ver no meu País a verdadeira democracia…

Quero ver no meu País a verdadeira democracia…

Há muito parei de escrever esta coluna, mas quero crer que agora seja a hora de recomeçar a fazê-lo.

  • Herói-bandido: Jamais imaginei ver o PT transformado numa agremiação política qualquer, se afogando num malcheiroso mar de denúncias feitas por uma voz que não é uma voz qualquer, mas a de um deputado federal de nome Roberto Jefferson, dono de mandatos carimbados pelo voto popular. Jefferson, que não é propriamente uma flor que se cheire, e nem besta – é bode —, sabe o que diz e os riscos que corre. Suas denúncias, mesmo sem provas, continuam fazendo estragos na corte brasiliense e cercanias. Por menos do que isso, Vargas partiu para a eternidade com um tiro enfiado no peito. Por menos do que isso, Collor voltou para Alagoas. Uma perguntinha só: será que a nossa estóica democracia suportaria um novo impeachment e a volta de Lula a Garanhuns?
  • Afagos: A diva Carmélia Alves, cujos olhos tantas coisas já viram neste mundão (está com 83 anos e cantando muito bem, obrigado), telefona para falar da sua insatisfação com o ministro de si próprio, Gilberto Gil. Ao perguntarem ao ministro sobre o projeto Brasil-França, e o porquê de as cantoras do rádio não estarem nele incluídas, respondeu na pior maneira baiana de ver as coisas: “Elas não têm cultura para representar o Brasil”. Putz! Pergunto: será que ele, o ministro de si próprio, sabe que Carmélia por anos seguidos representou o Brasil no exterior, ao lado dos mestres Humberto Teixeira, Sivuca e Altamiro Carrilho, e que por onde andou gravou discos: Itália, Rússia, Portugal…? Bem fez Fernanda Montenegro: recusou a tempo a pasta do Ministério da Cultura, que, fácil perceber, muito mal faz a quem não vê além do nariz.
  • Mais uma: O mesmo ministro de si próprio, que do alto dos seus tamancos mostra desconhecer a importância cultural musical das cantoras do rádio, outro dia fechou uma parceria com dona Lili — ela mesma, a viúva do Dr. Roberto Marinho — para uma noitada de gala no palácio de Versailles, em Paris. Pagaríamos metade da conta, sim, mas diante das avassaladoras denúncias de corrupção feitas por Jefferson, a coisa pifou. Resultado: a pobre dona Lili ficou a ver navios, tendo, na última hora, de arcar com os gastos todos sozinha. Coitada. Pior: a festa foi um fiasco. Dos 600 vips, tops, bests ou sei lá o quê, ou quem, apenas uns 100 dos esperados compareceram. Vixe!
  • Escorregão : Quem também levou um bruta tombo (físico) não programado foi a querida Inezita Barroso, cá em Sampa. Mas já está em casa, se cuidando. Inezita, uma das cantoras mais afinadas deste País, comanda o programa de auditório mais antigo da nossa tevê: Viola Minha Viola, dirigido por Rivaldo Corulli. Em tempo: o colega jornalista Arley Pereira está escrevendo um livro sobre a cantora, que deverá ser lançado ainda este ano. Aguardemos, torcendo para que as histórias de Inezita caibam todas num só livro. Se não, será a minha vez de entrar em cena.
  • Sr. Brasil : O paulista Rolando Boldrin, cantor, compositor, violeiro e ator dos bons, acaba de sair da toca, enxotado pela vontade do tempo. Na tevê, o seu novo endereço é Cultura, canal 2, São Paulo — onde atende pelo nome de Sr. Brasil nas noites de terça, com direito à repetição nas tardes de domingo. Um livro a seu respeito está sendo lançado, como lançado está sendo também uma senhora caixa com um monte de discos seus, intitulada Tirando da Gaveta. No meio dessa turbulência cultural, vem sendo engrenada uma parceria com o caboclo Renato Teixeira. Isso é muito bom.
  • Vida inteligente: Depois que deixou a rede Record, o ator e poeta mineiro, de Janaúba, Jackson Antunes conta à coluna que está feliz da vida e “livre para viver de novo”, já que se sentia, digamos, um tanto escravizado pelo sistema de produção de novelas. Entre uma apresentação e outra por aí ele grava, em São Paulo, um CD só com músicas da dupla de cantadores repentistas Raimundo Nonato e Nonato Costa, Os Nonatos como são chamados. Nessa empreitada, o produtor artístico é o seu conterrâneo, amigo e ídolo de infância Téo Azevedo.
  • Boa leitura: O educador e memorialista Itapuan Bôtto Targino está lançando um livro que por nada deve deixar de ser lido, Assim eu Disse (idéiaeditora.com.br), que reúne um punhado de textos sobre grandes nomes das letras, artes e política paraibanas, como Antônio Mariz, ex-governador; Genival Macedo, compositor, autor do hino extra-oficial de João Pessoa, Meu Sublime Torrão; José Octavio, historiador; e Deodato Borges, quadrinista dos mais festejados. Sobre o hino, uma curiosidade: foi composto após uma desilusão amorosa do autor, que lembra. “Eu tinha 16 anos e estava vivendo as desventuras do primeiro amor, um amor impossível: ela da alta sociedade e eu um tocador de cavaquinho. Sem gravador e nenhum instrumento, compus a música”. Fica o registro.
  • Agradecimentos: Encerro estas linhas agradecendo a atenção dos médicos e enfermeiros que tão bem me atenderam no PS da Barra Funda, para onde fui levado meio às pressas, madrugada dessas com uns sintomas preocupantes. Meu carinho aos doutores Ricardo, Fernanda, Vilma e Mônica e seus assistentes Cláudio, Adilson, Valdemar, Darc, Suzilene e Nara. Também quero expressar, aqui, o meu carinho ao doutor Alberto Max, do Hospital Geral de Pirajussara, de Taboão da Serra, e aos amigos queridos Peter, Audálio, Luchetti e Darlan, que não mediram esforços para me reverem de pé aprontando e participando da festa que é a vida.

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