Cantora e compositora, a paulistana Ná Ozzetti começou sua carreira fazendo parte do grupo Rumo, que atuou como grupo de vanguarda em busca de novas linguagens dentro da música popular brasileira. Orgulhando-se do caminho percorrido até agora, que inclui a participação no Rumo, nove discos solo, muitas parcerias, Ná viaja pelo país com o show Meu Quintal, onde apresenta onze composições suas, todas inéditas.
— Com 15 anos de idade já tinha me decidido seguir carreira musical, tudo muito espontâneo. Nasci em uma família onde quase todos tocavam e cantavam, além de ouvir muita música no rádio, e ainda fui estudar em um colégio que valorizava o ensino da arte. Tudo isso me estimulou para esse envolvimento musical que tenho — fala Ná Ozzetti.
— Comecei a estudar piano ainda criança, e o Dante, meu irmão e hoje parceiro, começou a compor. Com o tempo fui me aprimorando e por volta dos 20 anos conheci o pessoal do grupo Rumo e com eles iniciei minha carreira profissional e não parei mais — diz.
A geração que surgiu em São Paulo, no final da década de 70 e começo de 80, foi chamada pela imprensa de ‘vanguarda paulista’.
— Era gente como o Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção e nós, entre outros. Recebemos este rótulo por ter um trabalho diferenciado do que a música brasileira vinha produzindo até então. Realizávamos dois projetos simultaneamente, tanto que nosso primeiro disco, em 1981, continha dois Lps — conta Ná.
— Um deles de regravações antigas: Noel Rosa, Lamartine Babo e Sinhô, como que resgatando a matriz da canção popular brasileira. O outro fez parte da proposta de trabalhar o canto falado, a partir da ideia de que a canção popular é parte da fala, do cotidiano. Veio com composições inéditas de integrantes do grupo. O Rumo radicalizou nesse sentido. Nos shows misturávamos os repertórios — continua.
— Depois de o grupo parar suas atividades, em 1993/94, iniciei meu trabalho solo procurando outras ideias musicais. Isso pela vontade de experimentar outros timbres de instrumentos, tipos de arranjos, formas de cantar, mas sem deixar de lado os anos de Rumo, que foram muito importantes — declara.
Os integrantes do Rumo, segundo Ná Ozzetti, levaram as experiências do grupo para seus trabalhos individuais.
— O Paulo Tatit criou o selo Palavra cantada, para a música infantil, e tem uma influência do Rumo nisso. O Hélio Ziskind fez toda aquela trilha do Cocoricó, da TV cultura. Enfim, embora os trabalhos de cada um apontem para direções diferentes, de certa forma todo mundo traz a marca da vivência que adquiriu no Rumo — diz.
— Em alguns casos continuamos trabalhando juntos. Por exemplo, o Luiz Tatit é um grande parceiro meu. Faço a música e tenho parceiros que escrevem a letra, e o mais constante é exatamente ele — conta, acrescentando que também são seus parceiros: Itamar Assumpção, Alice Ruiz, Zélia Duncan, Carol Ribeiro, entre outros.
Música com personalidade
— Meu gênero musical é muito aberto, não sei classificar num ritmo a música que faço, o que posso dizer é que o meu trabalho tem personalidade. Me considero uma compositora de música brasileira, sem um gênero específico. A cultura brasileira tem muito dessa permeabilidade, muitas influências, e nos permite ampliar ainda mais isso nas nossas composições — afirma Ná.
— E importante dizer que, apesar de compositora, continuo cantando obras de outros autores, porque gosto disso. Costumo alternar a compositora e a intérprete nos meus discos, gravando um como intérprete e outro como compositora também — explica.
Desde 1987/88 Ná Ozzetti vem trabalhando com um quarteto de músicos, com o objetivo de realizar e aperfeiçoar a criação coletiva.
— A ideia é todo mundo conceber a mesma parte de arranjos, participando na criação. É um trabalho de equipe. Esses músicos são: meu irmão Dante Ozzetti, nos violões; Sérgio Reze, bateria; Mário Manga, violoncelo e violão tenor; e o Zé Alexandre Carvalho, no contra baixo acústico — apresenta.
— Isso tem dado ótimos resultados e aparece bastante no meu último CD, Meu Quintal, lançado em 2011, um disco com doze faixas sendo onze composições inéditas minhas, com vários parceiros. Meus trabalhos lançados antes vieram com músicas lindas, porém muito conhecidas, já gravadas por várias pessoas. Agora quis fazer algo diferente — conta Ná, acrescentando que esse é o seu nono disco solo.
— A música que deu nome ao CD é uma parceria com o Luiz Tatit, quer dizer, a ideia da música é dele, porém, para mim a conotação no disco é: as coisas que produzimos no nosso quintal, bem particulares, e mandamos para o mundo todo. A música mesmo fala de muitas coisas, um grande quintal que podemos achar que é o nosso Brasil — comenta.
No momento Ná tem feito shows do disco Meu quintal por vários estados brasileiros. Paralelo, participa de outros projetos.
— Acabei de fazer uma temporadinha com o Luiz Tatit aqui em São Paulo, focando todo o nosso repertório comum. Tenho mais projetos em andamento, inclusive a ideia de fazer um novo disco, mas isso ainda está amadurecendo — conclui Ná Ozzetti.
Para contatar: Borandá (11) 2362-9906 www.naozzetti.com.br