Rebelião popular destrói Fórum em Alagoas

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Rebelião popular destrói Fórum em Alagoas

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Assim como ocorreu no Pará no ano passado, a revolta das massas se voltou dessa vez contra as instituições do velho Estado em Alagoas, no município de Matriz de Camaragibe, distante 77 quilômetros da capital Maceió. O protesto popular contra dois aliciadores (gatos) de camponeses que roubaram centenas de pessoas com a promessa de trabalho em outros estados explodiu em uma grande revolta.

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O bloqueio da rodovia AL-101 Norte foi o início
do protesto que culminou com a destruição do Fórum

O estopim para a rebelião do povo de Matriz de Camaragibe foi a liberação de Cícero Gomes dos Santos e José Ferreira Lins Filho, acusados de aliciamento de camponeses. Cerca de 900 camponeses foram atraídos pelos dois com a promessa de trabalho na lavoura da cana-de-açúcar em Minas Gerais e São Paulo. Para “garantirem” os empregos, os aliciadores extorquiram R$ 120,00 de cada camponês e suas carteiras de trabalho. O golpe dos aliciadores foi desmascarado pela Delegacia Regional do Trabalho, numa investigação conjunta com a Procuradoria Regional do Trabalho e a Polícia Rodoviária Federal.

Com isso, no dia 26 de março, os aliciadores foram transferidos para a sede da Polícia Federal em Maceió, sob a ameaça de linchamento pela população de Matriz do Camaragibe. Mas como os dois eram réus primários e a extorsão do povo (além dos impostos e taxas infindáveis cobrados pelo Estado) é um crime afiançável, ambos pagaram fiança e foram liberados desaparecendo em seguida.

Isso foi a gota d’água para os camponeses e todo o povo de Matriz que não conquistaram o emprego e ainda tiveram seu dinheiro e documentos roubados.

Que Justiça é essa que nem os nossos documentos devolve e ainda libera esses golpistas, que ficaram com o nosso dinheiro? — protestou um trabalhador ao jornal O Estado de S. Paulo de 2 de abril.

 A onda de protestos começou no dia 31 de março pela manhã com a paralisação da rodovia AL-101 Norte. A população revoltada queimou pneus e denunciou a proteção do Estado aos golpistas. Na noite do mesmo dia a população revoltada cercou e ocupou os prédios da prefeitura e o Fórum de Matriz de Camaragibe. Durante o protesto os manifestantes queimaram todos os documentos do Cartório Eleitoral.

O juiz da comarca local fugiu escoltado pela polícia. Revoltados, manifestantes foram até o fórum e não deixaram pedra sobre pedra. A fachada do prédio ficou completamente destruída. Pedaços de vidro e pedras ficaram espalhados pelos corredores e salas. As sedes das secretarias de Saúde, da Assistência Social, um centro de reabilitação e um posto de saúde também foram alvo da Revolta Popular.

A tropa do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar de Alagoas — Bope foi acionada pela prefeitura e foi recebida a pedradas. A população enfrentou os policiais que agrediram brutalmente centenas de pessoas. Equipes da Força Nacional de Segurança e do Bope patrulharam as ruas e tentaram impor um toque de recolher que foi desobedecido pela população.

Mais de cem manifestantes foram presos durante os confrontos e 35 foram transferidos para a carceragem da Polícia Federal em Maceió acusados de cometerem crime federal. O povo de Matriz do Camaragibe é condenado como criminoso enquanto os verdadeiros bandidos que os lesaram escapara ilesos, com a guarida da justiça.

Essa foi mais uma demonstração recente da contenda permanente entre as massas oprimidas de milhões de camponeses contra o velho Estado burguês-latifundiário serviçal do imperialismo. Como brilhantemente apontou o gigante do proletariado internacional Friedrich Engels, de fato existem dois poderes sobre a terra: o poder do Estado burguês e o poder desorganizado das massas. Cabe ao povo forjar na sua justa rebelião uma vanguarda capaz de organizar esse poder desorganizado para que o povo exerça seu direito à rebelião e à violência revolucionária contra esse sistema. A organização científica da pobreza para desencadear a Revolução e varrer de uma vez por todas o velho Estado, conquistando um novo poder.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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