Mais de 300 estudantes ocuparam a reitoria da UFMG às 14 horas do dia 7 de abril (segunda-feira) em repúdio às barbaridades cometidas pela PM contra estudantes que realizavam um debate, no dia 3 de abril, com exibição de um vídeo sobre a descriminalização da maconha. A Polícia Militar entrou no Campus, como se realizasse verdadeira operação militar, com grande efetivo e helicóptero sobrevoando, cercou o prédio do IGC, agrediu vários estudantes e prendeu um estudante que foi arrastado e algemado de forma violenta pelos policiais.
A vicereitora Heloisa Starling, que responde pela reitoria na ausência do Reitor Ronaldo Penha, afirmou que não sabe quem autorizou a entrada da PM no campus. No entanto, segundo informações dadas por ela própria em outras ocasiões, existe um convênio entre a UFMG e a Polícia Militar desde 2005, que foi renovado recentemente por esta gestão, mas a PM só pode entrar no campus mediante prévia autorização.
No mesmo dia da ocupação a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) do governo de Minas publicou uma nota oficial onde declara: "A Polícia Militar de Minas Gerais foi acionada na quinta-feira (03/04) por funcionário da Divisão de Segurança da UFMG, conforme consta em Relatório de Ocorrência daquela divisão, solicitando comparecimento ao campus localizado na Pampulha, em Belo Horizonte. A solicitação, feita por telefone, foi atendida por policiais que realizavam ronda interna no campus em função de convênio que a UF MG mantém com a PMMG.", e "No Ofício nº 086/2008, assinado pela diretora do IGC da UFMG, professora Cristina Helena Augustin, a diretora não autoriza o evento e pede e obtém autorização da vice-reitoria da universidade para o reforço de segurança interna. A documentação mencionada encontra-se à disposição para consulta." Ou seja, segundo a Polícia Militar a autorização foi dada pela própria Vice-Reitora Heloisa Starling que mente dizendo não saber quem autorizou.
Os estudantes reivindicam a mais ampla liberdade de organização, expressão e manifestações políticas e culturais dos estudantes dentro do campus. Exigimos o fim desta prática repressiva e intimidatória da reitoria em relação ao movimento estudantil na UFMG, o fim dos processos contra sete estudantes que participavam do movimento "Pulacatraca" no bandejão no ano passado e também o fim do convênio PM — UFMG, que permite ação da Polícia Militar dentro do campus.
A reitoria se manteve intransigente em relação às principais reivindicações dos estudantes sob a alegação de que não tem autonomia para atendê-las, que somente o Conselho Universitário tem poderes para colocar fim nos processos administrativos movidos contra o movimento estudantil e neste convênio repressivo UFMG/PM.
Os estudantes se retiraram da reitoria no dia 10 de abril e constituíram um comando de luta pela democratização da universidade, que deve continuar debatendo e encaminhando as reivindicações do corpo discente.