O Camponês José Gonçalves recebeu a visita da Missão Internacional de Investigação e Solidariedade da IAPL no presídio Urso Branco e relatou que a presença e intervenção dos Advogados do Povo trouxe repercussão positiva para os presos.
José Gonçalves é visitado pela missão no Urso Branco
Após dois meses de detenção injusta e falsa acusação pelo assassinato de três camponeses em União Bandeirantes, no último 30 de janeiro, o camponês José Gonçalves Filho foi libertado.
Ele relatou o sofrimento, as torturas e barbaridades cometidas contra os presos. Denunciou o lugar mais temido do Urso Branco — o cofre — que é um caixote de concreto armado, só com uma porta, sem entrada de luz, onde mais de 80 presos são amontoados.
De acordo com os relatos do camponês, a primeira mudança sentida foi no mesmo dia da visita de advogados da Argentina, Bélgica, Bolívia, Brasil, Holanda, Filipinas e Turquia. Quando os presos começaram a prestar depoimentos, os agentes penitenciários ficaram próximos com armas em punho, em posição intimidatória. Mas "por exigência dos advogados os agentes foram obrigados a sair". E "a comida, que até então era mais uma lavagem cheia de salitre, sem gordura e tempero, melhorou. Um dia após a visita dos advogados foi servido até tambaqui frito".
O comunicado da soltura de José Gonçalves enviado à Redação de AND conta ainda que a principal consequência das denúncias de várias entidades e pessoas democráticas dos absurdos cometidos no Urso Branco foi a interdição do presídio decretada pelo juiz da Vara de Execuções Penais de Porto Velho, Sérgio William Domingues Teixeira, logo depois da Missão da IAPL em Rondônia. Os presos com penas leves estão sendo liberados para concluírem-nas em albergues.
Apesar de toda a injustiça que sofreu deste Estado criminoso a serviço do latifúndio, José saiu da masmorra Urso Branco otimista e confiante na luta. Cabe lembrar, no entanto, que nenhum dos verdadeiros responsáveis pelos assassinatos e tortura de camponeses em União bandeirantes foi punido.