Filadélfia (USA) O juiz federal Willian Yohn ratificou a condenação, por homicídio, do jornalista negro Mumia Abu Jamal, declarando, porém, ilegal a sua sentença de morte. Pela primeira vez em 20 anos — tempo em que Mumia cumpre pena no corredor da morte — um tribunal norte-americano questionou a sua condenação à pena máxima, o que respalda as diversas denúncias de que seu julgamento foi uma farsa. Mas, ainda que tal sentença tenha permitido confirmar a manipulação que cerca o julgamento de Mumia, sua libertação continua distante. O mesmo juiz Yohn rechaçou todos os vinte pontos da petição de hábeas corpus, os quais demonstravam, sem qualquer margem de dúvida, a má conduta do judiciário no caso: supressão de provas; coação de testemunhas; perjúrio policial; imposição de um advogado incompetente; proibição dele (Mumia) defender-se a si mesmo e de ter o assessor jurídico que desejasse. Yohn rechaçou também o ponto da petição que afirma que o processo de seleção dos jurados foi racista.
A Justiça da Filadélfia informou que recorrerá ao Tribunal de Apelações de Terceiro Circuito que, em reinstalando a sentença, levará o governador da Pensilvânia a fixar uma data imediata para a execução de Mumia.
Clark Kissenger, jornalista revolucionário e, há muitos anos, defensor da liberdade de Mumia, falou sobre o vínculo entre a guerra, a repressão e a luta pela libertação de Mumia, lembrando que bem antes dos acontecimentos de 11 de setembro, o caso de Múmia Abu-Jamal ilustrava a “deformação da justiça nas instituições de supremacia branca e do capitalismo”.
Kissenger prosseguiu afirmando que “muita gente sabe que inventaram uma confissão; tiraram os negros do corpo de jurados; coagiram e subornaram as testemunhas; esconderam evidências e mencionaram que Mumia tinha sido membro do Partido Panteras Negras para sentenciá-lo à morte. Temos que seguir na luta por Mumia e lutar contra as injustiças atuais. Temos que avançar na luta pela liberdade de Mumia, como parte da luta por fazer frente a toda esta ofensiva contra o povo. Não podemos permitir que o executem nem que o mantenham preso para sempre. Há muita coisa em jogo. Temos que impedir uma nova condenação de morte; temos que tornar nula a condenação e obter sua liberdade… Há que perguntar, a nós mesmo e aos outros, o que demonstra o caso de Mumia sobre este sistema, que agora quer que apoiemos o bombardeio e a invasão de outros países?
Esta sociedade vale tanto que devemos bombardear a outros povos, sacrificar nossos direitos,
guerrear e morrer? Não, de maneira nenhuma. Liberdade para Mumia!”, finalizou ele.