Depois de causar rompantes públicos de fúria nos chefes do USA e da Grã-Bretanha ao viabilizar, ainda em 2010, o maior vazamento de documentos militares secretos de toda a história, com a publicação na internet de milhares de arquivos do governo ianque sobre as invasões do Iraque e do Afeganistão, a organização WikiLeaks voltou a carga em 2011 com a divulgação de um sem número de informações de alta relevância para as lutas contra o imperialismo e até contra o oportunismo nas semicolônias, sendo que algumas destas informações dizem respeito ao Brasil.
Os arquivos publicados pelo WikiLeaks em 2010 sobre o Afeganistão e o Iraque trouxeram à tona dados importantes, como a informação de que os “civis” foram mais de 60% dos mortos na agressão ao povo afegão entre os anos de 2004 e 2009.
Em 2011, a publicação de milhares de “cabos” diplomáticos ianques, mensagens enviadas pelas representações consulares do USA para Washington, e vice-versa, com provas documentais sobre ingerências, mostrou espionagens, sabotagens por parte do imperialismo ianque nos quatro cantos do planeta, com maior ou menor cumplicidade das autoridades das semicolônias e até de outras potências imperialistas.
Entre o que foi documentalmente provado graças aos vazamentos de informações promovidos pelo WikiLeaks em 2011 está o alto grau de subserviência da gerência petista ao imperialismo ianque.
Exemplo disso foi a série de reuniões, relatadas em “cabos” datados de 2009 revelados pelo WikiLeaks, entre o general James Jones, assessor de Segurança Nacional de Obama, e a cúpula da gerência do PT na época de Luiz Inácio: reuniões com o então chanceler Celso Amorim, o então ministro brasileiro da Defesa, Nélson Jobim, a então ministra da Casa Civil, Dilma, o assessor especial da presidência da República para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, o presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, e o então presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Outro documento, este datado de dezembro de 2009, mostra a embaixada do USA em Brasília dizendo que a administração Obama deve olhar para as olimpíadas de 2016 no Rio como uma oportunidade não só para as empresas ianques ligadas ao negócio do esporte, mas também para o incremento da presença do USA no Brasil em matéria de segurança e “troca de informações”.
Espionagem em massa
Ainda sobre os jogos olímpicos no Rio, a embaixada ianque reporta ao USA as notícias sobre o genocídio em curso na cidade, enfatizando o plano de Cabral e Eduardo Paes de levar o terror das famigeradas Unidades de Polícia Pacificadora a cerca de 100 favelas cariocas até 2016 [o dado correto divulgado é que são 40 UPPs até 2014, faltam 21. Até 2016, não se falou nada ainda].
Os “cabos” diplomáticos revelados pelo WikiLeaks em 2011 escancararam também detalhes e provas sobre a estreita relação do USA com as facções brasileiras do monopólio dos meios de comunicação. Os documentos consulares do USA mostram que nomes proeminentes da imprensa burguesa nacional são sistematicamente convocados por diplomatas ianques para lhes passar informações sobre o jogo partidário e o cenário econômico da semicolônia, entre eles William Waack, da Rede Globo, e Carlos Eduardo Lins da Silva, d’A Folha de S.Paulo.
Já no final de 2011, o WikiLeaks revelou os chamados “arquivos espiões”, que mostram como os governos de 25 países – incluindo a gerência petista no Brasil – montaram um sistema de espionagem em massa por telefones celulares, computadores e nos cadastros de cidadãos comuns em sites da internet. O megaesquema de espionagem envolve pelo menos 160 empresas de “inteligência”.
“Na prática, essa indústria [de espionagem] não é regulamentada. Agências de inteligência, forças militares e autoridades policiais podem, de forma silenciosa, em massa e secretamente, interceptar ligações e controlar computadores sem a ajuda ou conhecimento de empresas de telecomunicações. A localização física do usuário pode ser traçada se ele tiver um telefone celular, mesmo que o aparelho esteja em stand by“, diz um comunicado do WikiLeaks.
O fundador do WikiLeaks, o australiano Julian Assange, foi detido em Londres em 7 de dezembro de 2010. Desde então ele já participou de nove audiências para tentar interromper um processo de extradição para a Suécia, país em que é acusado de “abuso sexual”. Essa acusação faz parte de uma trama política montada após a publicação no Wikileaks de graves denúncias e documentos que comprovam crimes de guerra, atas e outros documentos que dão conta das atividades antipovo dos altos círculos dos Estados imperialistas e gerenciamentos semicoloniais em todo o mundo.
A defesa de Assange alega que sua extradição é “injusta e ilegítima” e que o processo judicial faz parte de uma conspiração para silenciar a divulgação de informações e documentos confidenciais por parte do site WikiLeaks.
Em 5 de dezembro uma corte britânica concedeu a Assange o direito de continuar sua batalha legal para evitar sua extradição. Com isso, ele conseguiu o direito de ser ouvido pela Suprema Corte da Grã-Bretanha em apelo para permanecer no país, sem enfrentar uma deportação imediata.