Revolta na educação pública

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Revolta na educação pública

Goiânia

Em 23 de abril, os professores e servidores da rede municipal de ensino de Goiânia realizaram uma assembleia em frente ao Paço Municipal, sede da prefeitura, e decidiram manter a greve da categoria que havia sido deflagrada no dia 14.

Após a decisão de manter a greve, os trabalhadores realizavam uma manifestação quando foram atacados por agentes da Guarda Civil Metropolitana, que lançaram spray de pimenta e agrediram os educadores com golpes de cassetetes a mando da gerência Paulo Garcia (PT). Imagens registradas pelos servidores presentes e divulgadas na internet mostram vários trabalhadores ensanguentados.

Entre as reivindicações da categoria, estão melhorias nas condições de trabalho e estruturas físicas dos prédios, além da construção de novas unidades de ensino; o pagamento retroativo da data-base de 2014 aos servidores administrativos e do piso dos professores, bem como o pagamento retroativo da gratificação de 30% para auxiliares educativos e de titularidades e progressões.

No dia 12 de maio, cerca de 400 professores e servidores bloquearam a BR-153, no trecho urbano de Goiânia, exigindo o cumprimento das reivindicações da categoria. Até o fechamento dessa edição do AND, os trabalhadores sustentavam a paralisação.

Paraná

Professores são impedidos, de forma violenta, de chegarem à assembleia durante protesto contra arrocho no Paraná

No dia 29 de abril, milhares de professores, servidores e estudantes da rede estadual de ensino do Paraná cercaram a Assembleia Legislativa, na capital Curitiba, onde seria realizada a votação do pacotaço de medidas antipovo ditado pela gerência Beto Richa (PSDB) travestida como “enxugamento da máquina do Estado”, que retira direitos históricos dos trabalhadores, como a previdência pública.

As forças policiais atacaram a manifestação de forma hedionda, com disparos de armas de fogo, spray de pimenta e bombas. Mais de 200 trabalhadores e estudantes foram feridos pelo ataque brutal da polícia a mando do gerenciamento Beto Richa, muitos foram hospitalizados em estado grave. Um repórter do monopólio da imprensa foi atacado por um cão policial da raça pit bull. Crianças das escolas da região sofreram com o efeito do gás lacrimogêneo e tiveram que ser retiradas das salas de aula. O fascismo escancarado também não poupou os membros da corporação policial: 17 policiais que se recusaram a reprimir o protesto dos trabalhadores em educação foram presos. O pacotaço antipovo foi votado e aprovado sob o som das bombas e dos disparos da polícia.

Com a repercussão da ação bestial da PM, em 8 de maio, o secretário de segurança do Paraná, Fernando Francischini, entregou sua demissão ao governador do estado. No dia 7, o coronel Cesar Vinicius Kogut, então comandante das forças policiais, já havia pedido exoneração e, no dia 6, o secretário de educação do Paraná, Fernando Xavier Ferreira, também havia pedido demissão do cargo.

Nove dias após a ação que resultou em mais de 200 trabalhadores feridos, o gerente Beto Richa cometeu entrevista e teve a cara de pau de declarar não existir “ninguém mais machucado” que ele.

Em 12 de maio, a reunião entre representantes do Fórum das Entidades Sindicais do Paraná e da Secretaria de Administração e Previdência do Paraná terminou sem acordo e, no dia 14, dando mais uma demonstração de intransigência, a gerência Richa anunciou em nota oficial que o reajuste salarial aos professores em greve na rede estadual de ensino do estado será de 5%, pago em duas parcelas. A nota diz ainda que as negociações com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato) estão encerradas. A greve dos trabalhadores em educação da rede estadual do Paraná era mantida até o fechamento dessa edição do AND.

Levante contra o fascismo

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Professores culpam Paulo Garcia pela greve da educação em Goiânia

Em 30 de maio, trabalhadores em educação das redes estaduais de 15 estados e das redes municipais de várias cidades paralisaram as atividades em solidariedade aos trabalhadores em educação do Paraná, denunciando a violência policial e reivindicando melhores condições de trabalho e infraestrutura das escolas, além de melhores salários. Ocorreram protestos em Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Rio Grande do Norte, Rondônia, Piauí, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Pará.

São Paulo

Em 27 de abril, apesar da grande mobilização da categoria e massivas manifestações de rua realizadas pelos grevistas, o gerente estadual Geraldo Alckmin (PSDB) declarou “não existir” greve de professores em São Paulo.

Em 13 de maio, quando a greve dos trabalhadores completou dois meses, ocorreu uma reunião entre os representantes da categoria e a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, que não deu respostas concretas às reivindicações da categoria e apenas comunicou que o índice de reajuste salarial só será anunciado na data-base no dia 1º de julho.

Também em 13 de maio, o Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo determinou que o governo estadual pare de registrar faltas injustificadas aos professores em greve e de descontar os dias parados. Desde 1º de abril, os contracheques dos professores já haviam chegado com descontos indevidos pelos dias parados na greve. Em caso de descumprimento da determinação, foi fixada multa diária de R$ 10 mil à gerência Alckmin.

Os trabalhadores em educação da rede estadual de São Paulo lutam por 75,7% de reajuste salarial e por melhores condições de trabalho, entre outras demandas.

Pará

No Pará, os professores da rede estadual estão em greve há mais de 45 dias. No dia 12 de maio, trabalhadores ocuparam o prédio do Centro Integrado de Governo (CIG), localizado na Avenida Nazaré, em Belém, exigindo abertura de negociações com a gerência Simão Jatene (PSDB).

Os trabalhadores reivindicam melhores condições de trabalho, a realização de concurso público, melhores salários, melhor estrutura nas escolas, entre outras demandas. Segundo informações do sindicato da categoria, os professores estão em greve em mais de 100 municípios do estado.

E a farsa eleitoral?

Como se pode ver, os professores estaduais de São Paulo e Paraná estão em greve enfrentando algo mais que truculência dos governos do PSDB. Os acontecimentos de Curitiba no dia 29 de abril foram ofensivos até para o monopólio da imprensa. Alckmin finge não haver greve São Paulo.

E, em Goiânia, que também fica no Brasil, cuja gerência é do PT, os professores municipais em greve foram também selvagemente espancados pela Guarda Municipal.

A “blogosfera progressista” nada disse sobre isso. Para os oportunistas filiados ao PT, agregados ou em sua órbita, é mais importante defender o “governo” que as classes trabalhadoras.

E comprovando o que temos afirmado desde a primeira edição deste jornal, o último caso que noticiamos escancara a face do que chamamos de Partido Único das classes dominantes.

Macapá

Em 13 de maio, os professores da rede municipal de educação de Macapá, capital do Amapá, amanheceram diante do prédio da prefeitura após uma noite de vigília em protesto contra a proposta ínfima de 4% de reajuste oferecida pela gerência Clécio Luis (PSOL). No dia 28 de abril, os professores, junto dos profissionais da saúde, já haviam ocupado a prefeitura municipal em protesto contra a proposta pífia.

Os trabalhadores em educação de Macapá estão em greve há mais de um mês por melhores salários, enquanto a gerência Clécio Luis (que foi eleito com o apoio de DEM, PSDB, entre outras siglas do Partido Único), parafraseando Dilma Rousseff, Beto Richa e Alckmin, diz “não haver orçamento” para o reajuste dos trabalhadores.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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