Dois policiais foram feridos por resistência armada de camponeses, na localidade de São Matheus, no município de São Pedro da Aldeia, estado do Rio de Janeiro, no dia 8 de julho. Os policiais, a mando do latifundiário Matheus Canellas, invadiram o acampamento efetuando disparos, porém foram recebidos com uma resposta à altura dos trabalhadores. Um camponês, Carlos Augusto Gomes, de 58 anos, morreu.
Carlos, mais conhecido como “Mineiro”, foi atingido por pelo menos dois disparos feitos de arma de fogo: um na cabeça e outro no tórax. O corpo de Mineiro foi encontrado apenas no dia seguinte ao ataque. Dois de seus companheiros, conhecidos como Tião e Russo, também ficaram feridos na ação covarde.
Outro ataque já havia ocorrido contra os camponeses da região. No dia 06/07, uma casa e uma parcela da produção dos camponeses foram incendiadas por paramilitares criminosos armados e encapuzados.
No dia 11/07, a polícia efetuou a prisão do latifundiário Canellas e mais dois policiais acusados de envolvimento no assassinato de Mineiro. O latifundiário, que encomendou o assassinato dos trabalhadores, foi preso em sua residência tentando jogar parte de seu arsenal de armamento pela janela do apartamento. No dia 09/07 os policiais que haviam participado do ataque aos camponeses já haviam sido presos no hospital em que estavam tratando os ferimentos ocasionados pela resposta dos camponeses.
Na casa de Canellas foram apreendidas armas e munições, assim como aparelhos celulares, um capuz (balaclava), um colete, facas e documentos, além de um adesivo grande da Polícia Federal.
Latifúndio quer roubar terra há 15 anos
Há cerca de 15 anos o latifúndio conhecido como Fazenda Negreiros foi parcialmente desapropriado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e 483 hectares de terra (aproximadamente 35,8% da área total) foram destinados ao assentamento de 40 famílias de camponeses, porém 875 hectares continuaram registrados no nome do latifundiário. A parcela não desapropriada da fazenda foi, todavia, ocupada por outros camponeses em 2017.
Os conflitos decorrentes da disputa pela terra ficaram mais intensos em dezembro de 2019, quando o latifundiário esteve no local e ameaçou as massas acampadas, inclusive com a derrubada de cercas e a queima de moradias. Segundo informações, já está em curso no judiciário uma nova desapropriação.