RJ: Professores contra o descaso e a repressão

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RJ: Professores contra o descaso e a repressão

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Assembleias dos professores em greve foram marcadas por grande presença dos profissionais.

Os professores das redes municipal e estadual do Rio de Janeiro mantêm-se em greve após mais de um mês de mobilização e negociações com os governos de turno.

Como já havíamos abordado na edição anterior, a base combativa de professores em luta, que vem desafiando os acordos impostos entre governo e direção do sindicato, está se fazendo ouvir.

O professor de sociologia da rede estadual, Guilherme de Macedo Moreira, está participando ativamente do movimento grevista e dá o seu depoimento:

Guilherme nos fala sobre os últimos acontecimentos políticos da greve.

 — Mesmo diante das adversidades, no dia 4 de setembro, insatisfeitos com mais uma audiência de negociação sem avanços expressivos e indignados com a liminar que impôs uma multa de 300 mil reais por dia ao sindicato, os profissionais da educação fizeram jus à conjuntura nacional de levantes populares e decidiram ocupar o prédio onde provisoriamente funciona a Secretaria de Estado de Educação, resistindo corajosamente a mais uma ação truculenta da Polícia Militar — diz, referindo-se à ocupação protagonizada pelos professores da rede estadual na Seeduc que foi reprimida violentamente pela polícia e desfeita à base de cacetadas.

Perguntado se a greve está fortalecida, ele responde:

 — Acho que em termos qualitativos sim, em decorrência principalmente do caráter do último ato na Seeduc, mas em termos quantitativos tivemos algumas perdas em consequência da falta de esclarecimentos à categoria por parte do sindicato de que o direito de greve está assegurado, mesmo tendo sido concedida a liminar em favor do governo — avalia.

Guilherme esclarece sobre o papel do sindicato no processo. A direção do Sepe vem trabalhando para desmobilizar a greve desde seu início. A não unificação entre as duas redes em greve é um exemplo contundente desta prática.

— Entendemos que a unificação entre as redes municipal e estadual fortaleceria o movimento ampliando a probabilidade de obter vitórias. Como esse projeto não se viabilizou, parte significativa da direção do Sepe passou a dedicar-se exclusivamente a conduzir a greve da rede municipal. Essa ‘preferência’ culminou na formação de diferentes problemas, contendo em certa medida o avanço da mobilização na rede estadual e contribuindo para o fim da greve histórica e de ampla adesão da rede municipal — assinala.

E ainda aponta outros entraves à greve impostos pelo sindicato:

— A burocratização, somada às divergências entre as frações, principalmente eleitoreiras, impõem entraves à militância de base e, em consequência, à greve. Enfrentamos dificuldades para reproduzir materiais, publicar vídeos de esclarecimento, etc. Tudo isso incide sobre a capacidade de conquistar a ‘opinião pública’. Temos ainda uma limitação quantitativa que é recompensada pela disposição daqueles que se empenham na construção da greve: seja participando das assembleias regionais e gerais, das passeatas, atos e também visitando escolas objetivando esclarecer os profissionais que não aderiram a greve e os estudantes, principais afetados com a política de precarização da educação perpetrada pelo governador Sérgio Cabral e o Secretário de Educação, Wilson Risolia.

Sobre o futuro do movimento, Guilherme fala:

— Dado esse salto qualitativo na luta dos trabalhadores da educação do Rio de Janeiro, tendemos à criação de novos fatos políticos de caráter igualmente combativo, dando visibilidade ao movimento e intensificando a pressão sobre a desgastada gerência de turno PMDB. Precisamos fortalecer a convicção de que somente a luta popular, classista e combativa, conduz a nossa categoria e as classes trabalhadoras à vitória.

Até o fechamento desta matéria, a assembleia da rede municipal (em 10/9) havia aprovado a passagem para ‘estado de greve’ apontando possível saída da greve para a próxima assembléia, com conquistas mínimas de promessa de plano de carreira.

A rede estadual permanecia mobilizada e convocando para a sua assembleia seguida de ato no dia 11 de setembro.

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