Rondônia: Para Liga, revisão de julgamento é farsa

Rondônia: Para Liga, revisão de julgamento é farsa

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A desembargadora do Tribunal de Justiça, Zelita Cardoso, prometeu a revisão do julgamento do Massacre de Corumbiara, atendendo inúmeros protestos e manifestações por todo o Estado, através de sindicatos de trabalhadores rurais e entidades ligadas aos direitos humanos e de defesa dos pequenos agricultores e da reforma agrária. No documento enviado ao tribunal, os camponeses exigem a punição dos verdadeiros culpados, em especial, os proprietários da fazenda Santa Elina, local da chacina, além da reparação para as vítimas de torturas e familiares dos assassinados.

Para os líderes da Liga dos Camponeses Pobres, a revisão do julgamento, ao contrário do que parece, não tem como objetivo punir os verdadeiros culpados, "mas sim, conforme dizem algumas entidades e partidos oportunistas, corrigir alguns erros do processo". "Quando esses senhores apontam para a revisão do julgamento, nada mais fazem do que legitimar este Estado que vem ordenando os assassinatos e tortura de camponeses, criando agora a falsa sensação de justiça para esconder tantas atrocidades. O verdadeiro julgamento farão as massas camponesas que têm se levantado na luta por seus direitos e assumindo o caminho combativo. Não reconhecemos esse julgamento e sabemos muito bem os verdadeiros culpados", disse João de Jaru, um dos coordenadores da LCP. 

O Comitê de Defesa das Vitimas de Santa Elina

Em panfletos distribuídos em todo o Estado, a Liga acusa entidades que se dizem defensoras dos camponeses, "mas que, na verdade, não passam de integrantes deste Estado podre e corrupto, através de cargos e instituições e por isso jamais se colocarão contra os interesses das classes dominantes. Assim, tentam de várias formas enganar o povo com discursos calorosos, mas o que vale mesmo é a prática dessa gente", diz o documento.

"Quem nos defende somos nós mesmos e nosso corpo jurídico. Para reforçar a nossa defesa, fundamos o Comitê de Defesa das Vítimas de Santa Elina, constituído por representantes autênticos da luta camponesa, e vamos a Brasília denunciar, principalmente, a órgãos de direitos humanos internacionais, todas as atrocidades, assassinatos que não param e constantes ameaças contra nós, na luta por um pedaço de terra. E é bom ficar claro que os senhores Adelino(Dinho) e Claudemir Ramos, pai e filho, não têm nada a ver com o Comitê ou qualquer comissão que formarmos em nossa defesa. Eles são traidores e se o Claudemir diz estar escondido, nada tem a ver com os latifundiários, poderosos ou jagunços, mas sim pelo medo em saber que o povo jamais perdoará sua traição. Eles são traidores, principalmente por deduragem, falcatruas e mentiras. Eles falam de uma comissão de defesa das vítimas de Santa Elina, que não existe. Mesmo que eles ainda se proclamem defensores dos camponeses de Santa Elina, nada têm a ver", garantiu Caco, um dos coordenadores da LCP.

Três frentes de ação em busca de justiça

A nova luta, iniciada pelo Comitê de Defesa das Vítimas de Santa Elina, tem très frentes de ação:

1 jurídica, com três advogados para trabalhar no processo de indenização, que vinha carecendo de acompanhamento, abrindo novo processo, se preciso for;

2 política, com o objetivo de divulgar em todo o país e a nível internacional, como forma de pressão aos políticos e autoridades, para que sejam pagas as indenizações;

3 pela saúde das vítimas.

"Vários camponeses têm seqüelas até hoje, de tiros e de torturas física e psicológica. E contam apenas com o trabalho de poucos médicos que apoiam a luta do povo e de entidades como a Liga Operária, que encaminha companheiros para tratamento em Belo Horizonte e outras capitais, devido à precariedade do atendimento em Rondônia. A maioria, infelizmente, seque sem tratamento médico algum. Nem sempre temos dinheiro sequer para pagar passagens. Vamos exigir do Estado as indenizações de lei, a fim de que, pelo menos, sejam feitos tratamentos médicos adequados. E se houver necessidade, com protestos como o que fizemos recentemente, fechando a BR e, com isso, chamando a atenção das autoridades", explicou Caco.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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