Povo sai às ruas contra a precarização da qualidade de vida
O gangster travestido de estadista Vladimir Putin voltou à chefia absoluta da Rússia capitalista. Voltou, mas não sem agigantados protestos populares contra ele e tudo o que o seu gerenciamento representa para as massas trabalhadoras do país.
Putin encabeça a gerência do Estado antipopular russo desde o ano 2000. Foi “presidente” do país entre aquele ano e 2008, quando, por imperativos constitucionais, cedeu lugar a seu cúmplice Dimitri Medvedev, passando a exercer o cargo de primeiro-ministro do capitalismo russo durante o “mandato” do parceiro. Agora, retorna pela via de mais uma farsa eleitoral na Rússia – farsa até mesmo aos olhos daqueles que defendem ou ainda se iludem com os sufrágios da burguesia.
Nos dias que precederam a sua nova posse, que aconteceu em 8 de maio, a Rússia foi sacudida por radicalizadas manifestações contra a perpetuação do gerenciamento Putin, com favores infinitos aos monopólios, a entrega de empresas estatais e de “concessões” lucrativas à oligarquia que lhe garante no poder, fortalecimento do aparato repressivo do Estado e o sucateamento das forças produtivas nacionais. A Rússia sob a égide de Putin luta pela manutenção como potência imperialista regional.
Tanto é que, poucos dias após a posse de Putin, uma equipe das Tropas Aerotransportadas da Rússia participou no USA de exercícios conjuntos com militares ianques na base militar de Fort Carson, no Colorado.
No dia 6 de maio, dois dias antes da posse, a tropa de choque de Putin/Medvedev prendeu mais de 400 pessoas em um grande protesto popular. No dia em que Putin reassumiu as funções de “presidente”, mais centenas de manifestantes foram encarcerados em uma grande operação repressiva de limpeza das ruas próximas ao caminho do desfile de posse. Não apenas manifestantes, mas também transeuntes e até pessoas sentadas em cafés nas calçadas foram detidas.
Acendeu-se a centelha da indignação
Dois líderes oposicionistas cumpriram penas de 15 dias de prisão. Após a posse, centenas de jovens acamparam no centro de Moscou para protestar contra a gerência Putin perpetuada, em uma ação nos moldes do movimento “Ocupem” no USA.
No dia 13 de maio, uma semana depois da violenta reação das forças de repressão aos protestos contra a volta de Putin à chefia do Estado russo, cerca de 10 mil pessoas participaram daquilo que foi batizado de “passeio de teste” em Moscou, uma caminhada de dois quilômetros, que saiu do centro da cidade com destino final no acampamento de protesto, promovida como ato de insubordinação diante da feroz repressão desencadeada por Putin para intimidar o povo inquieto e indignado com tanta corrupção e precarização das condições gerais de vida no país.
Com o Estado intimidado diante desta retumbante afirmação da autoridade das massas trabalhadoras, a polícia não ousou interferir no “passeio”. Os agentes da repressão não tomaram qualquer providência: ficaram paralisados ante o povo agigantado fazendo as ruas de Moscou estremecer.
A sequência de manifestações na Rússia contra a perpetuação de Putin e seus asseclas no comando daquele Estado têm sido capitalizados por figuras oportunistas cujo objetivo final não é outro senão render o grupo de Putin e Medvedev no gerenciamento do capitalismo burocrático local.
Mas o que sobressai da atual agitação nas ruas da Rússia não é a linha eleitoreira e da conformação entre as forças antipovo dos que tentam cavalgar a justa rebelião popular contra o autoritarismo e a degradação da nação russa. Entre esta corja está gente, por exemplo, da estirpe de Vladimir Jirinovski, líder do nacionalista Partido Liberal Democrático, de matriz abertamente fascista.
O que sobressai dos massivos protestos na Rússia é, isto sim, a centelha da indignação – prérrequisito da revolução – que outrora fez do povo russo o protagonista supremo da luta e da vitória das massas trabalhadores sobre os seus maiores opressores, traçando um caminho luminoso para o desenvolvimento das lutas das massas proletárias.