Perto de seu aniversário de 97 anos, o bairro Casa Verde, na zona norte de São Paulo, ocupou as manchetes dos jornais de todo o Brasil com a notícia de um jovem torturado e assassinado por policiais militares dentro de um batalhão policial. Segundo denúncias, o motoboy Eduardo Luís Pinheiro dos Santos, de 30 anos, envolveu-se em uma discussão com outras três pessoas no dia 9 de abril. Após a chegada da polícia os quatro homens foram levados para um batalhão nas proximidades da Avenida Casa Verde, onde tudo começou.
Na chegada ao batalhão, Eduardo perguntou aos PMs porque não havia sido conduzido até uma delegacia e ao não receber uma resposta, se revoltou. Em seguida, os outros três homens foram liberados, enquanto Eduardo ficou detido arbitrariamente e foi torturado por mais de 10 policiais com chutes na cabeça, pauladas e até golpes de corrente. Seu corpo foi encontrado na madrugada do dia seguinte na esquina da rua Voluntários da Pátria com a Avenida Brás Leme. Eduardo ainda foi levado a um hospital onde morreu como indigente, já que seus documentos também foram roubados.
Na chegada do corpo de Eduardo ao Instituto Médico Legal, legistas constataram uma série de escoriações e um traumatismo craniano. Segundo especialista, os sinais comprovam que Eduardo fora torturado até a morte.
Já no dia 18, o motoboy identificado apenas como Edson, foi à delegacia com diversos sinais de espancamento, após ser torturado por policiais do mesmo batalhão onde Eduardo fora assassinado. Segundo Edson, após um acidente de trânsito, PMs prenderam-no por desacato depois que o trabalhador irritou-se com um pedido de suborno e ameaçou abandonar o local.
— Quando eu peguei a chave, o policial me empurrou e já veio me agredindo. Nós nos atracamos, quando veio outro policial, me deu uma gravata, me algemou e todos começaram a me bater dentro da viatura. Cheguei ao batalhão tomando soco, chute, tapa no rosto, me puxaram para fora, me pisotearam. Jogaram spray de pimenta em mim, aí me arrastaram pela camisa. Uns dez policiais bateram em mim e falaram que iam me matar. Colocaram a pistola no meu rosto e disseram ‘você vai morrer agora’ — afirmou o trabalhador, que só não foi assassinado, porque sua esposa e filhos foram até o batalhão.
— Para mim, houve crime de tortura — disse a advogada do rapaz, Adriana Pacheco.
— Eram jovens, motoboys e negros e, talvez por isso, como muitos ainda hoje, pagam pela condição social que a burguesia lhes impõe — disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Motociclistas de São Paulo, Aldemir Martins.
Em carta no portal do Sindicato, Ademir também lembrou o caso do motoboy Firmino Barbosa, assassinado no dia 5 de janeiro de 2008 pelo promotor de justiça Pedro Baracat Guimarães. O assassino acusou Firmino de roubar o seu relógio, mas testemunhas afirmam que os dois se desentenderam no trânsito e Bacarat atirou contra o motoboy. Além disso, nenhum relógio foi encontrado com a vítima. Denunciado pelo MP por homicídio culposo, o promotor foi inocentado em todas as instâncias.