Na manhã do dia 20 de setembro, cerca de 300 moradores dos bairros Vila Indiana, São Judas e Jardim Elisabete bloquearam a Rodovia Régis Bittencourt no km 275, na divisa entre Taboão da Serra e Embu das Artes. Eles protestavam por conta do assassinato de dois jovens por PMs na noite do dia 18. No protesto, pneus foram queimados pelos manifestantes, interrompendo o trânsito na rodovia. Amigos e parentes dos jovens acusam os policiais de execução, já que ambos os corpos apresentavam marcas de tiros na nuca.
Dois dias depois, o estudante Leonardo Bento do Amaral, de 17 anos, foi assassinado por uma policial militar na região do Jardim Ângela, zona Sul da capital paulista. O crime aconteceu na estrada do M’Boi Mirim, em frente à Escola Estadual Professor Luiz Magalhães de Araújo, onde Leonardo estudava.
— O menino ia saindo na moto, aí a policial desceu do carro e apontou a arma pra ele. Ao mesmo tempo em que sacou a arma, ela disparou, sem nenhum aviso — disse o ajudante de entregador Dário dos Santos, testemunha do assassinato.
— Ele estava subindo na moto e a policial já veio para cima de nós. Não pediu para parar nem fez sinal. Eu só ouvi um tiro e quando olhei para trás, o Léo já estava caído — disse o amigo do rapaz que dirigia a motocicleta.
— Espero que essa policial seja punida. Espero que ela pague pelo que fez, porque ela tirou a vida de um menino que tinha todo um futuro pela frente. Era meu filho único, fiquei sem objetivo na vida. Trabalhava para sustentar meu filho, minha vida era cuidar dele. Ele foi tomar banho cantando, depois veio se despedir de mim falando que estava tão feliz, e dizendo que me amava. Não entendi nada quando me ligaram. Fiquei desesperada, não queria acreditar que meu filho estava morto — disse a recepcionista Maria Lucinéia Bento, de 45 anos, mãe de Leonardo.