
Camponeses debatem o boicote à farsa eleitoral
Em meio às disputas eleitorais que emporcalham as ruas com “santinhos”, centenas de promessas de campanha e uma chuva de candidatos que afirmam insistentemente possuírem a solução de todos os problemas sociais na área da saúde, da educação, da segurança, etc, emerge no município de Messias, Alagoas, a discussão do novo caminho. Enquanto se acirrava, na última semana para primeiro turno, a busca incansável por votos, na Área Revolucionária Renato Nathan era realizado o seminário “Nosso caminho de Nova Democracia e o Processo Eleitoral do Velho Estado”, realizado pela Associação dos Moradores e Produtores da Agricultura Familiar da Fazenda Lajeiro (AMPAFFAL) em conjunto com a Liga dos Camponeses Pobres (LCP) do Nordeste.
O seminário contou com a presença de professores e estudantes da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), representantes da Escola Popular, do Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR) e uma centena de camponeses do Lajeiro. No debate sobre o significado do boicote às eleições burguesas, os camponeses interviram e tiraram dúvidas sobre como o voto nulo ou o não comparecimento às urnas são alternativas para não legitimar esse processo farsante, as roubalheiras e falcatruas que fazem os gerentes de Estado, auto-intitulados “representantes do povo”.
Muitos destacaram a importância do seminário, que apresenta um caminho diferente do apresentado pela enxurrada de propaganda na TV e no rádio, de que “a luta popular se manifesta nas urnas” e de que “nas eleições é chegada a hora de exercer a democracia”.
Assembleia Popular em resposta à ameaça de despejo
O seminário foi a atividade inaugural no novo galpão de assembleia da Área Revolucionária Renato Nathan, construído através de trabalho coletivo pelos camponeses. A decisão de construir o galpão foi tomada há cerca de um ano, juntamente com o plano de construção de uma ponte, já inaugurada no início do ano.
A construção se deu em meio à luta contra um latifundiário usineiro que mexia seus pauzinhos para inventar uma comprovação de posse da área. O galpão da assembleia é uma firme resposta e um símbolo de resistência aos ataques do latifúndio.
Cada bloco foi cuidadosamente colocado. Quem não era pedreiro era ajudante, carregava areia, trazia água. Quem não podia fazer muito esforço coordenava os trabalhos. Enfim, como em todo trabalho revolucionário: sempre existe tarefa para todos que queiram se dispor a trabalhar. Realizado sempre aos domingos, o mutirão de construção por vezes teve que ser adiado por causa da chuva ou por causa de outras atividades mais importantes, mas em nenhum momento a ameaça reintegração de posse impediu os trabalhos. Muito pelo contrário, a animação e crença na força camponesa em vencer essa etapa da luta se misturaram ao cimento para erguer sólidas paredes na luta por Pão, Terra e Nova Democracia.
Os camponeses da Área Renato Nathan listam suas conquistas com orgulho: a ponte, o galpão de assembleia, a fundação da AMPAFFAL e os próximos planos para o futuro, como a construção da casa de farinha cujos maquinários já foram adquiridos e a Escola Popular.