Na madrugada do último dia 15 de julho, teve início a desocupação para o projeto de demolição do Hospital Central do Instituto de Assistência dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro, o IASERJ, localizado na Praça da Cruz Vermelha, na região central do Rio. A reportagem de AND esteve no hospital acompanhando a resistência e conversando com os servidores.
A liminar que garantia a permanência do hospital foi cassada e o gerenciamento estadual Sérgio Cabral se aproveitou da madrugada do mesmo dia para realizar a transferência de equipamentos, pacientes, insumos e mobiliário das dependências. O hospital, que atendia a servidores públicos fluminenses foi cedido ao Instituto do Câncer (Inca).
Os servidores denunciam que o IASERJ foi construído com o dinheiro dos descontos em contracheques dos servidores públicos, portanto o governo não poderia ter cedido os prédios ao Instituto do Câncer sem a aprovação da categoria. Eles denunciam ainda que Sérgio Cabral foi, aos poucos, fechando os ambulatórios, como os dos bairros da Penha, Madureira, Campo Grande e Gávea, que serviam a toda a população e com isso o gerenciamento estadual quer fechar e acabar com ao máximo possível com todos hospitais estaduais, assim como já fechou o hospital Anchieta e o São Sebastião. Isso sem contar com a situação caótica que enfrenta os que permanecem funcionando.
Ainda na noite do dia 14 e madrugada do dia 15, familiares de pacientes e funcionários protestaram em frente ao hospital reclamando da falta de comunicação prévia, do horário e da forma como os pacientes foram transferidos e da própria demolição do hospital. Soldados do Batalhão de Choque da polícia foram enviados para intimidar os manifestantes e cercaram o prédio. Entre os pacientes que foram transferidos de maneira arbitrária e sem autorização médica, estavam duas mulheres com problemas mentais que, abandonadas há anos pelos pais, foram acolhidas pelos funcionários do IASERJ, que as tratavam como filhas.
No dia 16, os funcionários do hospital, servidores públicos estaduais e apoiadores da luta novamente protestaram. Ao longo da noite manifestações foram realizadas e os trabalhadores impediram que o resto dos equipamentos fosse retirado. Durante um momento, os portões foram fechados pela segurança e reabertos devido aos protestos. Nos dias que se seguiram, os manifestantes garantiram o funcionamento do hospital e permaneceram em vigília no local, contando com o apoio de um grupo de estudantes e professores. Já no dia 18, as portas dos ambulatórios amanheceram fechadas com cadeados novos, postos supostamente pela segurança. Os funcionários e usuários do IASERJ arrombaram a porta e, novamente, garantiram o atendimento à população.
Também no dia 18 um ato contra o fechamento do hospital do IASERJ foi convocado para ocorrer no início da tarde em frente ao Tribunal de Justiça. Os manifestantes criaram um blog [vigiliaiaserj.blogspot.com.br] onde estão sendo postados os vídeos com imagens da resistência, ocupação e vigília no prédio. O vídeo da reportagem feita por A Nova Democracia no IASERJ pode ser visto no blog da redação do jornal: anovademocracia.com.br/blog.