Sesnando, combatente da classe e do socialismo

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Sesnando, combatente da classe e do socialismo

A classe operária e todo o povo brasileiro sofreram com a perda de um dos seus valorosos filhos e incansáveis combatentes.  Sesnando Alves de Brito faleceu em 29 de abril último, aos 67 anos de idade, após enfrentar sérios problemas de saúde.

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Em seu funeral, realizado em Betim-MG, compareceram dezenas de pessoas simples, os filhos de sua classe, gente pobre, trabalhadora, honesta e honrada, lutadores que compartilharam dos mesmos ideais. Amigos, familiares e militantes de organizações populares e revolucionárias foram prestar honras ao companheiro.

Publicamos sua breve biografia como forma de compartilhar com os leitores de AND a história de luta desse dedicado e incansável revolucionário brasileiro.

Ingresso na luta*

12º filho de uma numerosa família de Iguatama, Minas Gerais, Sesnando ingressou na luta como porteiro da Usiminas em Ipatinga-MG.

Lá, ele presenciou as mobilizações operárias de 1963 em um movimento que resistiu à repressão do velho Estado às vésperas do golpe militar. Nessa luta, Sesnando vivenciou a covarde repressão da PM que levou à morte dezenas de operários no conhecido "Massacre de 7 de outubro", que também deixou centenas de outros trabalhadores feridos.

No Partido Comunista do Brasil

Mudou-se para Belo Horizonte onde trabalhou em várias empresas e, em 1967, trabalhando como bancário, conheceu Paulo Marques, militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que à época ainda era um partido revolucionário e estava em plena preparação para desencadear a Guerra Popular no Brasil. A partir deste contato Sesnando ingressou no Partido Comunista.

Com a derrota da Guerrilha do Araguaia e o episódio de dezembro de 1976 conhecido como "Massacre da Lapa", que resultou no assassinato dos principais dirigentes defensores da linha revolucionária, o PCdoB transformou-se em mais um partido revisionista.

Militante abnegado

Então, como trabalhador da FIAT, em Betim, Sesnando participou dos grupos clandestinos da fábrica, trabalho decisivo para maior organização das greves que estouraram em 1978 e, principalmente, em setembro de 1979.

Acreditando que o PCdoB ainda propunha um caminho revolucionário, no início dos anos de 1980, Sesnando dedicou-se à organização dos trabalhadores e do partido.

Neste período, após várias greves massivas e combativas, participa ativamente do Sindicato dos Metalúrgicos e logo conquista a sua direção, derrotando a chapa da CUT/PT. Neste mesmo período também organiza a fundação do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil e dos Comerciários de Betim e ajuda a organizar a União Municipal de Estudantes Secundaristas-UMES na cidade.

Autocrítica e ruptura com o oportunismo

http://jornalzo.com.br/and/wp-content/uploads/https://anovademocracia.com.br/58/17b2.jpgNo final da década de 1980, Sesnando entra em contradição com a direção revisionista de João Amazonas e rompe com o PCdoB. Ainda assim, prossegue seu trabalho em meio à classe, organizando, mobilizando e politizando os trabalhadores. Foi esse caminho que o conduziu ao reencontro com velhos e conhecidos militantes da classe que estavam levando a luta pela autocrítica de todo o processo, pela ruptura radical com o revisionismo e todo oportunismo, forjando a linha classista combativa com a criação da Liga Operária.

Sua intensa militância política foi fundamental para a organização das várias lutas populares na região de Betim. Sesnando foi um incansável apoiador da Vila Bandeira Vermelha, em 1999, organizando o movimento de solidariedade à luta daquelas famílias que enfrentaram a repressão policial ordenada pelo prefeito Jésus Lima (PT). Sesnando apoiou firmemente aquela luta, viu tombar dois companheiros, os operários Helder e Erionides. Se uniu àquelas famílias, com elas fez o sangue da classe derramado se converter na conquista da moradia.

A classe necessita de um partido

Seus companheiros de luta contam que Sesnando compreendia muito bem as dificuldades da luta revolucionária e defendia a necessidade de um verdadeiro e autêntico partido revolucionário do proletariado como condição ineludível para se fazer a revolução. Era um dedicado estudioso do marxismo-leninismo-maoísmo.

Até o seu último suspiro, defendeu aquilo pelo que dedicou sua vida: a revolução brasileira como parte da revolução proletária mundial.

Honras a um combatente

Em 21 de setembro último, os amigos, parentes e companheiros de Sesnando realizaram uma emocionante e vibrante homenagem à sua memória no prédio da Câmara dos Vereadores de Betim.

Bandeiras vermelhas ornaram o espaço. Ao fundo, os cinco grandes mestres do proletariado internacional: Marx, Engels, Lenin, Stalin e Mao Tsetung. Em local de honra uma fotografia ampliada de Sesnando ao lado de uma reprodução da fotografia do dirigente comunista Pedro Pomar, defensor da linha revolucionária da Guerra Popular Prolongada desenvolvida pelo Presidente Mao Tsetung, tombado no "Massacre da Lapa".

 O coral das crianças da Vila Bandeira Vermelha interpretou as canções revolucionárias internacionalistas "Bandeira Rubra" e "Bela Ciao" e um vídeo foi exibido recordando sua vida e luta.

Frederico, filho de Sesnando, exaltou sua militância e dedicação. Contou que seu pai participou durante muitos anos do PCdoB e chegou a hospedar em sua casa, durante o gerenciamento militar-fascista, vários militantes comunistas que atuavam clandestinamente.

Ele, muitas vezes, se abdicou da família, da possibilidade de ter uma vida economicamente melhor, em prol da militância. Nos ensinou que somente através da militância política a gente muda a vida. Nunca as possibilidades de ocupar cargos elevados e melhorar a vida foram determinantes na militância de meu pai – recordou emocionado.

Gerson Lima, dirigente da Liga Operária, seu velho companheiro de movimento, recordou as lutas políticas e ideológicas enfrentadas junto com Sesnando, contou sobre as noites que passavam debatendo as formas de realizar o trabalho político com as massas populares e a necessidade de construção de um legítimo movimento revolucionário brasileiro.

O grupo musical da Frente Cultural encerrou a homenagem apresentando a canção  "Combatente da classe", composta especialmente para Sesnando, encerrando com seu refrão, sua inapagável contribuição para a luta: "Em nossas mentes e corações, eternamente a sua glória, sua contribuição ficará sempre em nossa história."

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*Os dados biográficos de Sesnando Alves de Brito foram gentilmente cedidos por seus familiares e pela Frente Revolucionária de Defesa dos Direitos do Povo.

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