Tanques atacam a cidade de Hama no começo de agosto
No início de agosto, um grande ataque foi desferido pelo acossado Estado sírio à Deir al-Zour, a maior cidade no leste do país e um dos principais palcos dos levantes populares contra a administração reacionária de Bashar al-Assad. O regime assassinou 60 pessoas em um só dia naquela cidade, em mais um episódio da feroz guerra contra o povo da nação desencadeada por al-Assad como última tentativa para manter a si próprio e a sua facção na chefia do capitalismo burocrático sírio.
“Para lidar com criminosos que destroem estradas, fecham cidades e aterrorizam os moradores, esse é o dever do Estado, que precisa defender a segurança e proteger a vida dos civis”, disse o “presidente” Bashar al-Assad, defendendo a operação do seu exército e prenunciando palavras semelhantes ditas pelo primeiro-ministro britânico David Cameron ao se referir, dias depois, à repressão aos protestos no Reino Unido.
Mas o episódio mais sangrento até agora da guerra de Bashar al-Assad contra o povo aconteceu no dia 1º de agosto, quando as forças de repressão do Estado sírio promoveram uma chacina de mais de 100 manifestantes que estavam nas ruas empunhando pedras e barras de ferro.
A administração reacionária de Bashar al-Assad chegou mesmo a usar navios de guerra contra manifestantes na cidade costeira de Latakia, em bombardeios que deixaram pelo menos 31 pessoas mortas na ofensiva em que foram usados também tanques militares.
Um campo de refugiados palestinos localizado nos arredores de Latakia foi atacado com artilharia pesada por terra e mar, o que obrigou milhares deles a fugirem sem rumo. O exército sírio ordenou a evacuação da cidade. Centenas de pessoas foram presas, privadas de seus documentos e confinadas no estádio esportivo municipal.
Enquanto isso, seguem as conformações da “comunidade internacional” – coletivo de potências imperialistas – para que a situação na Síria tenha o melhor desfecho possível para os monopólios e para a perpetuação do projeto de dominação do Oriente Médio.
O número de mortos na Síria desde o início dos protestos por uma democracia popular no país, em março, já passou de duas mil pessoas (entre eles desertores do exército executados), e mais de 12 mil cidadãos sírios foram colocados atrás das grades.
Protesto contra regime genocida em frente à embaixada da Síria na Jordânia
Egito: julgamento de Mubarak
Enquanto o julgamento fanfarronesco de Hosni Mubarak foi adiado para setembro, as facções em concorrência para assumirem o comando do capitalismo burocrático egípcio já desfilam empavoadas em busca da preferência das potências visando a farsa eleitoral agendada para novembro. Ironicamente, o nome da primeira coalização que se formou para desfilar na folia do sufrágio farsesco é “O Bloco Egípcio”, conjunto de 15 frações liberais (repletas de oligarcas e magnatas) que se uniram para fazer frente aos islâmicos da Irmandade Muçulmana na corrida pela maioria parlamentar que dá direito à formação de governo e, logo, de encabeçar as negociações vende-pátria com os monopólios.
Protestos na Jordânia; conformação no Iêmen
No final de julho e no início de agosto, milhares de jordanianos saíram às ruas do país em protestos contra a fome, a repressão e a corrupção do regime. O povo em marcha na capital Amã exigiu mudanças políticas e econômicas no sentido de uma democracia verdadeiramente popular, enquanto a monarquia jordaniana segue fazendo ouvidos moucos ao grito das massas.
No Iêmen, outro país varrido por protestos populares que acabaram perdendo força pela ausência de lideranças revolucionárias e programas mais consequentes, as forças que visam espaço na reestruturação do velho Estado iemenita se agruparam e formaram um Conselho Nacional Interino para derrubar o “presidente” Ali Abdullah Saleh. É revelador o fato de esse conselho ter entre seus membros o general Ali Mohsen al Ahmar, desertor do regime, mas representante do exército, espinha dorsal do Estado estruturado para azeitar a exploração dos monopólios e para reprimir o povo.