Dissidente armado durante avanço do exército sírio à cidade de Sarmin em 17/02/2012
Nesse mês se completa um ano do início dos gigantescos protestos do povo sírio por uma democracia popular, bem como da sangrenta repressão desatada pelo reacionário gerenciamento de Bashar Al-Assad contra as massas em luta.
Estima-se que as forças de repressão do velho Estado já tenham assassinado mais de 7.500 pessoas durante esses protestos e que mais de 70 mil manifestantes já tenham sido presos.
Apesar da encenação de “democracia” com a autorização concedida em janeiro último por Assad para o funcionamento de mais partidos de oposição no país, o massacre de cidadãos sírios pelas tropas do governo prossegue. Há denúncias de que cem sírios são assassinados por dia.
Imperialismo prepara agressão
A Síria e a derrubada de Bashar Al-Assad são, hoje, um dos principais assuntos do balcão de negócios do imperialismo denominado ONU. Uma campanha histérica é desenvolvida há meses, capitaneada pelo imperialismo ianque, que pede intervenção militar naquele país.
Em 4 de fevereiro, Rússia e China vetaram, pela segunda vez, um projeto de resolução no Conselho de Segurança da ONU para intervenção militar e “transição democrática na Síria”.
O chamado Conselho Nacional Sírio – CNS, composto por oposicionistas do gerenciamento Assad exilados, pede o armamento de “rebeldes” no país e “ajuda” estrangeira para que assuma o poder no país após a derrubada do atual governo.
Em 28 de fevereiro o presidente do CNS, Burhan Galiun, afirmou, desde Paris, que “não se opõe a uma intervenção militar estrangeira” na Síria e anunciou a criação de um “comitê militar de defesa para organizar a resistência” dos “rebeldes” contra o governo de Bashar Al-Assad.
Os “rebeldes”, de quem fala Burhan Galiun, bem como os “rebeldes líbios” que durante meses combateram o gerenciamento de Muammar Kadhafi, não passam de bandos mantidos pelo imperialismo. Foi a eles que a secretária de Estado do USA, Hillary Clinton, fez um apelo para que cerrem fileiras com os “amigos da Síria democrática” e marchem contra o presidente Bashar Al-Assad. Para isso, os “rebeldes” contam com apoio e armas, conforme declarou o próprio Burhan Galiun: “Sabemos que há países que manifestaram o desejo de armar os rebeldes”.
Enquanto isso, milhares de massas seguem tombando diariamente nas ruas do país em luta por direitos democráticos, contra o genocida gerenciamento Assad e também contra a presença de “observadores” internacionais no país, que só denunciam o derramamento de sangue promovido pelo governo atual para tentarem justificar uma intervenção estrangeira.
Em 24 de fevereiro, um encontro de países “amigos da Síria” foi realizado na Tunísia. Representantes de cerca de 50 Estados debateram a unificação da oposição ao regime Assad e a criação de uma “zona protegida” para o estabelecimento das forças opositoras. Dois dias depois desse encontro, Hillary Clinton cometeu discurso dirigido aos bandos armados contra o governo de Bashar Al-Assad, pedindo que se levantem em Damasco e Aleppo, grandes centros urbanos do país.
Mais uma vez, em 27 de fevereiro, China e Rússia se manifestaram contrários a uma possível intervenção estrangeira na Síria. O porta-voz do ministério das Relações Exteriores da China, Hong Lei, declarou que “o mundo exterior não deve impor seu plano de solução da crise ao povo sírio”. O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, por sua vez, criticou asperamente o “caráter unilateral” do encontro de “Amigos da Síria”.
As massas populares da Síria, que vertem seu sangue em uma onda ininterrupta de protestos e dias de fúria, não têm nos bandos “rebeldes”, tampouco no atual governo genocida, o caminho para a conquista de seus anseios. As potências imperialistas se digladiam pela partilha da Síria e a agressão estrangeira está cada vez mais próxima.