Síria: ONU e al Assad brincam enquanto o povo luta nas ruas

Síria: ONU e al Assad brincam enquanto o povo luta nas ruas

Prestes a completar um ano, os protestos na Síria aumentam e a repressão contra o povo segue gerando massacres. Mas, além da repressão, o início de 2012 no país foi marcado por manobras políticas do governo antipovo de Bashar Al-Assad e de muita encenação da ONU, Obama e cia.

Os “monitores” do Golfo Pérsico se retiraram do país no dia 25 de janeiro. Segundo eles, os governos que representavam concluíram que o derramamento de sangue não teria fim na Síria. Mas outros 120 representantes continuaram no país para “observar” a situação. Enquanto isso, a Liga Árabe pedia humildemente à ONU que auxiliasse na organização de um plano para acabar com o governo de Al-Assad.

No mesmo dia, enquanto os representantes institucionais brincavam de marionetes com o destino da Síria, os conflitos seguiam explodindo.

Os manifestantes enfrentaram as forças repressivas e o saldo foi de 26 mortos, dentre eles o representante de uma ONG conhecida como Crescente Vermelho.

Bashar Al-Assad continuava atuando como se estivesse instaurando a democracia no país. Ele autorizou mais quatro partidos de oposição a funcionar e confirmou que o rascunho da nova Constituição do país estava pronto e deveria ser levado a um referendo em março. Dias antes havia promulgado um decreto anistiando a todos os presos durante os protestos contra o regime entre 15 de março de 2011 e 15 de janeiro de 2012. A anistia também valia para os foragidos que se entregassem até o fim de janeiro.

Mas, para o povo sírio tudo isso não passa de farsa para a comunidade internacional, já que os manifestantes foram presos sem acusação, sem processo legal e muitos dos que foram presos estão incomunicáveis, ou seja, que ainda não se sabe ao certo quantos e quem são os presos. Para o grupo Avaaz, cerca de 70 mil pessoas foram presas desde o início dos protestos e 40 mil deveriam seguir aprisionadas. Por sua vez, Obama, em discurso aos “cidadãos norte-americanos”, afirmou que o regime de Assad iria descobrir que as forças da mudança não poderiam ser revertidas.

Enquanto segue o teatro oficial, o povo continua nas ruas exigindo tanto a saída do governo fascista de Bashar quanto o fim das missões de “observação” dos representantes oficiais. Em vários protestos, os manifestantes levavam cartazes com frases como “Liga Árabe, suas mãos estão sujas com o sangue dos sírios”.

Nos últimos dias de 2011, cerca de 250 mil pessoas foram às ruas, em mais de 70 manifestações, a maioria delas em Douma, Hama e Homs. O início de 2012 não foi diferente. Os sírios continuaram saindo às ruas em protestos diários. A cidade de Hama, no centro do país, foi completamente tomada pelos manifestantes e foi bombardeada por dois dias seguidos. O governo pretende retomar vários bairros da capital e cidades que estão sob domínio dos manifestantes. Em Hims e Hama, no dia 24 de janeiro, cerca de 40 manifestantes foram assassinados na ofensiva.

No dia 20, milhares de sírios foram às ruas exigindo o fim do regime. Na cidade montanhosa de Zabadani, localizada a 27 km oeste da capital, 12 mil manifestantes tomaram as ruas para comemorar o domínio sobre a cidade, conseguido depois de vários combates com as forças leais ao governo.

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