Protesto contra Bashar al-Assad. Mais de dois mil mortos desde o início das manifestações
Desde março intensos protestos populares convulsionam a Síria. Centenas de milhares de pessoas tomaram as ruas e enfrentaram as forças de repressão do gerenciamento antipovo de Bashar al-Assad. Essas ondas de protestos na Síria fazem parte da revolta dos povos do Norte da África e Oriente Médio em luta por uma verdadeira democracia popular.
Vigorosos protestos se deram na cidade de Hama, na região centro-oeste do país, onde milhares de manifestantes enfrentaram as forças de repressão. Lá, tombaram várias dezenas de pessoas enfrentando tanques de guerra. Desde os primeiros enfrentamentos, mais de duas mil pessoas já foram assassinadas pela repressão sanguinária do velho Estado.
Uma série de revoltas marcou os meses de maio, junho e julho, até que no início de agosto 60 pessoas foram assassinadas num só dia pelos tanques em Deir al-Zour, a maior cidade no leste da Síria. Outras 139 foram assassinadas, também num só dia, em Hama e al-Boukamal quando protestavam exigindo a saída de Bashar al-Assad do poder.
As contradições entre as próprias frações das classes reacionárias se avolumaram de tal maneira que setores do exército romperam com seu comando e chegaram a atacar uma base do próprio exército, passando à oposição ao regime.
Após violentos enfrentamentos entre as massas populares e as forças de repressão ocorreram novos desdobramentos da luta de massas em toda a região. O ataque do imperialismo, primeiramente pelo francês e depois o ataque concentrado da Otan, comandado pelo USA, à Líbia e o consequente trucidamento de Muammar Khadafi; a reestruturação do velho Estado egípcio e novas revoltas populares exigindo a saída dos militares do poder; a deposição do gerenciamento do Iêmen; novas provocações contra o Irã; etc.
A Síria passou então a ser alvo de ameaças do imperialismo sob o pretexto de “democracia” e “liberdade”.
Em meados de novembro, a Liga Árabe, conglomerado de Estados serviçais do imperialismo, afastou a Síria e, na sequência, lhe impôs séria sanção econômica.
A Síria possui cerca de 22,5 milhões de habitantes e faz fronteira com Turquia, Iraque, Jordânia, Líbano e Israel. Ela está localizada em uma posição estratégica para o controle de matérias-primas da região, exploração, transporte e comércio do petróleo, etc. O controle dessa área significa um importante golpe na zona de intervenção de Rússia e a China. Por isso, essas duas potências vetaram no Conselho de Segurança a adoção de “medidas adicionais” contra a Síria que seriam adotadas pela ONU em outubro.
Há meses o imperialismo já agrupa opositores do regime de Bashar al-Assad na Síria e no exterior, que já compõem uma espécie de “governo” títere “de transição” que conta com o apoio da ONU.
Uma intervenção militar imperialista na Síria significa também um passo a mais para o isolamento do Irã, detentor de arsenal atômico e significativo incômodo para o imperialismo, particularmente para o ianque, na região.
Entretanto, uma eventual guerra na Síria não se daria nas mesmas condições da agressão à Líbia, já que a Síria, por acomodar vários interesses de potências imperialistas rivais do USA e Europa, conta ainda com a retaguarda do Irã, do grupo islâmico Hezbolá, do Líbano e do Hamas, força da resistência palestina que governa a Faixa de Gaza.
Talvez testando qual seria a reação desses grupos, no dia 29 de novembro foi provocado um incidente na fronteira entre Israel e Líbano (região dominada pelo Hezbolá). Tanto o Estado sionista como o Hezbolá se acusam pelo lançamento de foguetes e a consecutiva resposta. Não havia notícias de mortos ou feridos até o fechamento desta edição de AND.