No dia 21 de maio de 2003, uma Força Tarefa composta por policiais militares, agentes da Polícia Federal, Ibama, Funai, e do Incra deram início a retirada das mais de três mil famílias acampadas nas terras do Projeto Rio Alto, município de Montenegro, a 300 km de Porto Velho. Esta ação ocorreu em resposta às tomadas de terras protagonizadas pelos camponeses há vários dias na região.
Uma das justificativas da repressão era de que os camponeses haviam invadido área da reserva indígena Uru-eu-wau-wau, vizinha do acampamento. No entanto, isso não ocorreu. Na verdade, ao falar de invasões de terras indígenas, os mandantes da desocupação (da qual fazem parte até deputados do PT) escondem os reais motivos deste brutal ato.
Em todo esse caso, o pior papel coube ao superintendente do IBAMA, ex-assessor do PT na Assembléia Legislativa, Osvaldo Pitalluga, que fez as vezes de "xerife" exigindo helicópteros sobrevoando a área para intimidar e reprimir trabalhadores. Depois de toda essa pressão, hoje 300 famílias estão improvisadas no barracão Cibrazem, em Montenegro. Todas se preparam, entretanto, para retornarem à luta.
Promessas
No dia 26 de maio, o Ministério Público Federal se reuniu com as famílias e apresentou a velha proposta de cadastrá-las e depois as assentar em outras áreas. Tudo para desmobilizar os camponeses. Coordenadores da Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia, presentes a reunião, combateram a proposta – exigindo primeiro a terra, depois os cadastros, conforme era vontade dos trabalhadores.
Como não conseguissem enganar os camponeses, representantes do INCRA resolveram atiçar a repressão contra a LCP, apontando um de seus coordenadores a PM que, sem nenhum motivo, prendeu o companheiro José Carlos Figueiredo e o levou para Ariquemes, interrogando-o e o liberando em seguida, sob pressão dos camponeses que o acompanharam até a delegacia e forçaram os policiais a soltá-lo. Terminou frustrada mais uma tentativa de intimidar o movimento camponês.
Outro interessado na desapropriação das terras indígenas, e que desta área já arrematou 78 lotes, é o ex-senador Ernandes Amorim. No dia da expulsão, os helicópteros da Polícia Federal saíram da fazenda deste mesmo Amorim. Como pode uma mesma área ser reserva quando se trata de camponeses e não ser para os latifundiários? Só o servilismo do Incra pode explicar isso. Outras pessoas que também moram há mais de vinte anos na área estão sendo ameaçadas de expulsão. Algumas famílias chegaram a perder 300 cabeças de gado e dezenas de sacas de café para os bandidos da Funai e do Ibama, que saqueiam trabalhadores em plena luz do dia.