Atentado: ônibus com indígenas foi incendiado
Um grupo de 30 jovens índios terenas sofreu um atentado terrorista à bomba na noite de 3 de junho na região de Cachoeirinha, em Miranda (MS), a 200 km da capital Campo Grande. Eles estavam em um ônibus escolar, voltando da aula a caminho de suas aldeias, quando pedras e um artefato incendiário foram arremessados contra o veículo, atingindo vários deles com queimaduras graves.
Seis pessoas, incluindo o motorista, foram internadas na Santa Casa de Campo Grande. Até o fechamento desta edição, algumas permaneciam sob cuidados.
Os terenas de Cachoeirinha somam 6 mil pessoas, distribuídas em 6 aldeias e, há anos, lutam contra latifundiários que se dizem donos do território indígena ancestral.
Como publicou a edição 77 de AND, os índios retomaram no dia 4 de abril as fazendas Petrópolis e Charqueado, que o latifundiário e ex-governador Pedro Pedrossian alega serem dele.
Cachoeirinha foi reconhecida em 2003 como território histórico e antigo da nação terena, conforme Relatório de Identificação publicado no DOU (Diário Oficial da União). E também conforme Portaria Declaratória do Ministério da Justiça, assinada em 2007.
Mesmo assim, o latifúndio se recusa a aceitar e tem enfrentado os terenas com pistoleiros armados e ameaças.
No atentado da noite de 3 de junho, o artefato incendiário (coquetel molotov) foi jogado na parte frontal do veículo. Houve explosão e o fogo queimou parte do ônibus. Testemunhas disseram que pedras também foram arremessadas contra o veículo, o que sugere que mais de um criminoso tenha agido no local. O autor do ataque fugiu para o mato.
O cacique Adilson Terena acredita que a agressão terrorista foi planejada por latifundiários.
Cinicamente, porém, policiais e o monopólio da imprensa disseram que a suspeita era de que a violência tivesse sido praticada por um grupo de índios, em razão de desavenças internas entre aldeias.
Adilson não crê nessa balela. Informou que o ônibus atacado transportava estudantes das duas aldeias supostamente rivais – Babaçu e Argola. Além disso, contou que foi encontrado um chapéu numa mata próxima ao ônibus incendiado e que este não pertencia a nenhum índio. O dono do chapéu, apontado como o principal autor do ataque, foi visto correndo para o matagal logo depois do atentado.