Espanha: trabalhadores em greve surpresa
Os trabalhadores da Europa mostraram no último mês, com novas greves e protestos, que não haverá descanso para os dirigentes da Europa enquanto persistirem as tentativas de fazerem as massas pagarem o pato da agonia dos ricos industriais e banqueiros acossados pela crise geral dos monopólios.
Na Espanha, cerca de 2.500 controladores aéreos iniciaram uma greve surpresa no dia 4 de dezembro, um sábado, contra a privatização da AENA, agência que administra os 24 principais aeroportos do país. O golpe vendepátria foi anunciado dois dias antes da greve pela gerência de José Luis Zapatero.
A circulação de aviões na Espanha foi interrompida por 24 horas. Além disso, os trabalhadores, marcando o caráter de classe do seu movimento, deixaram claro que a ação foi motivada também pelas medidas exigidas pela burguesia europeia contra as classes trabalhadoras da Espanha, como o fim do subsídio para os desempregados de longa duração.
A reação mostrou os dentes. A gerência da Espanha decretou “estado de alerta” no país pela primeira vez em mais de 35 anos, ameaçou os grevistas com prisão e militarizou o espaço aéreo do país. O dispositivo não era acionado desde o fim do regime fascista de Francisco Franco. Como Franco, Zapatero decretou o alerta do Estado opressor contra o povo em luta, e tentou justificar a medida dizendo que a greve dos controladores foi uma “afronta constitucional”, deixando claro que haverá retaliação contra os atos de “aberta rebeldia em relação ao Estado”.
A perseguição fascista veio a cavalo. Na capital espanhola, Madri, a polícia invadiu um hotel para identificar e intimidar os trabalhadores que estavam reunidos ali para organizar o movimento. Logo em seguida o judiciário do país abriu os respectivos processos contra mais de cem controladores, que foram convocados para se explicar.
Possibilidade de greve europeia
No dia 9 de dezembro, 120 mil trabalhadores, a maioria da saúde e da educação, participaram de uma greve de 24 horas na República Tcheca contra a decisão da gerência local de cortar em 10% os salários dos funcionários públicos, entre outras medidas antipovo. O proletariado tcheco unido já avisou que haverá greve geral caso os lacaios do imperialismo europeu que gerenciam o país não retrocedam em sua tentativa de oferecer as massas em sacrifício para os monopólios alemães, franceses e britânicos.
Na Grécia, no dia 13 de dezembro, uma segunda-feira, os trabalhadores dos transportes públicos e das ferrovias de todo o país iniciaram uma greve e levaram a cabo manifestações contra os cortes de salários no setor, facilitação de demissões e outras “flexibilizações” de direitos trabalhistas, como a supressão do pagamento de 10% pelas horas extras e prolongamento do período de experiência dos contratos de um para dois anos — medidas anunciadas pela gerência grega como parte do pacote de “ajustes” requisitado pelos banqueiros da Europa do capital.
Os trabalhadores dos transportes anunciaram uma semana inteira de protestos e participaram da greve geral da quarta-feira dia 15 de dezembro, a oitava na Grécia em 2010, desta vez com a adesão dos controladores aéreos, e mais uma organizada pelo proletariado grego empenhado em não deixar passar a parte reservada à Grécia da ampla ofensiva antipovo arquitetada pelos chefes do imperialismo europeu para ser levada a cabo em seu próprio quintal.
O movimento estudantil na Europa também está de ânimo revigorado e bastante consciente do seu papel na luta contra a opressão capitalista. Na Grã-Bretanha, milhares de estudantes voltaram às ruas no dia 9 de dezembro para protestar contra a reforma na educação pretendida pela administração de David Cameron. A juventude chegou a cercar o carro de luxo onde seguia o “príncipe” Charles, sacudindo o veículo e gritando-lhe os avisos das ruas, desafiando a falsa autoridade da realeza sanguessuga. Milhares de jovens tomaram as ruas de Londres e outras cidades durante dias seguidos e enfrentaram com combatividade as forças de repressão.
Na Itália, estudantes ergueram barricadas, bloquearam rodovias, ferrovias e até cidades inteiras para repudiar a contra-reforma do sistema universitário.
Em dezembro houve também protestos, marchas, greves e enfrentamentos em países como Portugal, França e Finlândia, e já se planeja uma greve conjunta europeia.