A imprensa burguesa do Brasil ‘especializada’ na economia capitalista informou no mês de janeiro que as semicolônias e as nações com pretensões imperialistas denominadas de “emergentes” pelas potências, como os chamados Bric – Brasil, Rússia, Índia e China –, já garantem a duas das maiores transnacionais do planeta que operam com bens de consumo mais de 50% da sua receita bruta.
Isto é parte do que foi requisitado pelo USA e pelas potências europeias aos seus subordinados do G20: com as economias capitalistas em crise, a sobrevivência dos monopólios deveria ser garantida a custa do azeitamento da exploração nas semicolônias.
Segundo um relatório elaborado pelo Citibank para clientes endinheirados do USA, um dos maiores monopólios do mundo, a anglo-holandesa Unilever, deve concentrar 70% de suas operações em países “emergentes” num prazo de dez anos. A Procter & Gamble, maior produtora de bens de consumo do planeta, é outra que está ampliando a fatia de suas vendas nos ditos “mercados em desenvolvimento”.
Os países africanos estão no olho deste furacão. Do ano 2000 a 2009, o “investimento estrangeiro direto” — espécie de índice que mede o grau de presença das transnacionais em determinada nação vilipendiada — na África foi multiplicado por seis. Para ficar em dois exemplos concretos: a Vodafone, gigante alemã das telecomunicações, negocia a compra da maior operadora de telefonia móvel da África do Sul, membro do G20 onde a Walmart, que é simplesmente a maior transnacional do mundo, está prestes a abocanhar a maior rede varejista do país.
Em sua campanha nas semicolônias para manter suas taxas de lucro, os monopólios são devidamente assessorados pelo FMI e pelo Banco Mundial, e contam com a servidão das elites locais.
O Brasil semicolonial, administrado pelo PT, tem sido uma verdadeira válvula de escape para as transnacionais fabricantes de carros com sede no USA e na Europa. São os altos ganhos obtidos no Brasil que vêm tirando a corda do pescoço das gigantes globais do setor.
Desindustrialização e precarização
O país já é a terceira maior fonte de lucros para quatro delas, todas com matrizes em potências imperialistas: as ianques Ford e General Motors, a francesa Renault e a alemã Volkswagen. Além disso, o país é simplesmente a maior fonte de lucros da italiana Fiat.
As gerências de turno cacarejam seus louros no monopólio da comunicação, divulgando dados como estes, que traduzem a boa vida das transnacionais no país. Dizem, por exemplo, que ‘se as grandes fabricantes de carros vendem muito no Brasil, isso é melhor para o povo brasileiro, porque gera mais emprego, mais impostos’ etc.
Patranha. Além de reforçar as engrenagens da economia capitalista, o que nunca pode ser motivo de comemoração para o trabalhador, a festa com o avanço da Ford, da GM, da Renault, da Volks e da Fiat esconde o fato de que estas empresas vêm fechando fábricas e demitindo cada vez mais em outras parte do mundo, enquanto por aqui crescem em razão do trabalho precário de direitos e garantias, da liberdade para demitir o operário e recontratá-lo depois em condições cada vez piores e da depreciação salarial.
Além disso, enquanto as transnacionais ganham terreno, avança a desindustrialização das semicolônias, e quando os monopólios tiverem exaurido nossos recursos e nosso povo e levantarem acampamento rumo a paragens que lhe ofereçam melhores condições, aí sim estas torpes elites não conseguirão mais esconder o fato de que seu capitalismo “emergente” não passa de uma roldana de miséria e precariedade.
Quanto aos festejados impostos arrecadados junto às ‘trans’, eles apenas alimentam a rotina do velho Estado, ou seja, a corrupção e os arranjos em forma de leis, normas, tratados, decretos, medidas provisórias, decisões judiciais e outros tantos instrumentos usados via de regra para favorecer as classes dirigentes e seus acordos entreguistas firmados com o capital estrangeiro.