No dia 1o de maio, o secretário de Estado ianque Donald Rumsfeld fez uma visita ao Afeganistão, ao fim da qual declarou: “A quase totalidade do país está segura e tranquila.” Porém, a realidade é outra. Os ianques não conseguem controlar nada, nem negócios nem pessoas no país, a não ser o governo colaboracionista de Karzaí.
Os Talibãs, antigos governantes locais, recolocaram de pé uma estrutura de comando. Dividiram o país em províncias militares e concluíram a formação de uma frente com seus antigos inimigos: os moudjahiddin e Gulbuddin Hekmatyar. Assim, todos os dias soldados ianques estão expostos ao fogo inimigo. Uma ONG americana, que atua perto da cidade de Gardez, região leste do país, anuncia, cinicamente: “Em nosso ponto de vista, a última semana foi tranquila. Só foram atirados cinco foguetes contra as instalações americanas.”.
No sul, tropas da ONU e o exército governamental tiveram que abandonar dois distritos. Em Kabul, um funcionário do governo declarou à imprensa em tom desesperado: “A situação é totalmente sem esperança e se agrava a cada dia.” Um pequeno relatório das ações armadas na segunda semana de maio:
Dia 9
- Gilani, um aliado fiel do presidente Karzaí, foi liquidado por um grupo de seis homens;
- na proximidade da embaixada americana em Kabul, uma enorme carga explodiu logo que o secretário de Estado adjunto dos negócios estrangeiros, Richard Armitage, entrou no edifício.
Dia 10
- O exército americano enviou dois helicópteros fortemente municiados à Khost, região leste do país. Eles deveriam impedir os Talibãs de emboscar um comboio americano. Falharam;
- possante bomba explodiu na residência do governador da província de Helmand, no sul. Dois soldados afegãos ficaram gravemente feridos.
Dia 11
- Habibullah, um chefe espiritual que assistia ao presidente Karzaí, foi morto na proximidade de sua mesquita, ao norte da cidade de Kandahar.
Dia 12
- Duros confrontos no Norte, perto de Mazar-i-Sharif. Seis mortos;
dois soldados noruegueses da força multinacional de ocupação foram atacados a tiro por desconhecidos. Os dois saíram gravemente feridos.
Dia 14
- As bases americanas nas províncias de Paktia e Paktika, sudeste do Afeganistão, foram atacadas por foguetes;
- um pequeno grupo de homens abre fogo sobre um carro da ONU, no sudeste. Dois funcionários da entidade ficam feridos.
A realidade afegã desmente a paz sonhada do protetorado ianque na Ásia Central.