Somente em 2017 a Polícia Militar de SP matou 940 civis, em dados subestimados – número que só é menor que o de 1992, ano do Massacre do Carandiru. Desse total, 74% das ocorrências foram registradas como “excessos por parte dos policiais”.
Ellan Lustosa/AND
Somente em São Paulo, a Polícia Militar matou 940 pessoas em 2017
Moradores de favelas de todo o Brasil, especialmente do Rio de Janeiro, sentem na pele o medo da violência imposta pelo velho Estado. O aplicativo Defezap (serviço de denúncias realizadas por celular) recebeu, em dois anos, 360 relatos denunciando abusos de policiais. Desses, 111 foram encaminhados a averiguação, porém, nenhum agressor foi responsabilizado até agora.
Muitos são os casos em que moradores são impedidos de entrar nas próprias casas, têm as residências arrombadas, enquanto os policiais usam o banheiro, comem o que está na geladeira e humilham as pessoas. Somente no mês de agosto, foram registradas uma série de ocorrências que demonstram o abuso de autoridade e uso arbitrário de força contra a população por parte dos policiais.
Costureira é assassinada
A costureira Vânia Silva Tibúrcio, de 37 anos, foi baleada no pescoço por um policial militar na noite de 21 de agosto em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Vânia estava com o marido enquanto dirigia até um posto do Detran para regularizar um veículo que foi recuperado após ter sido roubado. Quando passavam pela avenida Presidente Kennedy, na região de Jardim Gramacho, foram parados em uma blitz. Mesmo com o carro parado, o PM atirou contra a costureira.
Vânia foi levada para o Hospital Municipal Moacyr do Carmo, em Duque de Caxias. A bala entrou pela lateral do pescoço e atingiu duas vértebras, a C2 e a C3. A vítima teve morte cerebral.
PMs atacam ambulantes
Em grupos de whatsapp circulou um vídeo mostrando policiais dando socos, chutes e golpes de cassetetes em vendedores ambulantes enquanto os imobilizam na frente de uma base comunitária móvel da Polícia Militar (PM).
O caso aconteceu na madrugada de 19 de agosto na esquina das ruas Frei Caneca e Peixoto Gomide, centro de São Paulo. A PM teria sido acionada para desobstruir as ruas lotadas em razão dos bares na região. No vídeo, é possível ver que os ambulantes apanham sem reagir e sem dizer nada aos policiais. Eles tiveram carrinhos em que vendiam bebidas apreendidos.
Agressão à universitária
Durante abordagem da PM, uma estudante de direito, que pediu para não ser identificada, foi alvo de três tapas no rosto por parte de um segundo tenente da corporação na noite de 17 de agosto, em Goiânia. Parte do ato de violência foi registrado em vídeo por pessoas que estavam no local. Na manhã daquele dia, a vítima protocolou uma ação administrativa correcional na corregedoria da força e o agente já foi identificado.