Turquia: Presos políticos resistem ao fascismo

Turquia: Presos políticos resistem ao fascismo

Últimos momentos de uma greve de fome

Em 15 de dezembro de 2002, após 512 dias de greve de fome, morreu Feride Harman. Ela faz parte do imenso contingente de presos políticos turcos, mantidos num regime de carceragem desumano, onde nem mesmo os mais básicos direitos são respeitados. Por causa desta situação, e do crescimento das lutas de massas na Turquia, havia sido deflagrada uma greve de fome dos prisioneiros políticos turcos.

Harmam estava presa em Malatya, quando, em 18 de dezembro de 2000, o governo desatou a criminosa operação “retorno à vida”, que consistiu em alimentar os grevistas à força, com sondas.

Os presos são brutalmente torturados e, na Europa, segue o silêncio mais sujo dos bloqueios informativos. As novas condições de encarceramento turcas estão direcionadas a eliminar, totalmente, toda forma de resistência na Turquia, na Europa e em todo mundo. As células de “tipo F”, que medem 2 X 2 metros, não têm sistema de iluminação natural e isolam completamente o preso. Esse sistema substitui os dormitórios coletivos, antes habituais nos cárceres do país. Os presos consideram que esta medida visa aumentar o controle e dificultar o contato entre eles.

Em dezembro de 2000 vários presos foram violados e torturados no transporte e tiveram suas cabeças raspadas como forma de vexação. As visitas foram, absolutamente, proibidas. Os presos, que, 24 horas por dia, eram obrigados a ouvir música militar a todo volume, tiveram os braços quebrados, para que não pudessem auto-atender-se. Tudo visando aniquilar os revolucionários presos, que mantêm intactos seus ideais.

A luta nas ruas

Muitas manifestações têm ocorrido na Turquia — a maior parte delas atacadas pela polícia. A repressão contra as massas tem sido brutal. Porém, não cessam de ocorrer protestos que, combinados às lutas das massas no interior do país, vêm sacudindo a Turquia e golpeando a dominação do imperialismo e dos reacionários sobre aquele país.

Centenas de pessoas têm sido detidas. Rádio, televisão e jornais sofrem censura militar. As notícias oficiais produzidas pelo Estado não são mais que propaganda fascista dirigida à intoxicação. Enquanto isso, os regimes ocidentais, não só não ignoram o verdadeiro rosto do Estado fascista turco, como o financiam. Mantêm um cúmplice silêncio.

Pressionado pelas mobilizações populares e por seu desprestígio internacional, no final de dezembro do ano passado, o governo turco foi obrigado a iniciar conversações com os presos políticos em greve de fome. As negociações tiveram a intervenção de décanos das quatro principais Faculdades de Direito do país. Quando foi anunciado o início das conversações, dois senadores belgas, Josy Dubié e Jean Cornil, viajaram para a Turquia, constatando que “o sistema de isolamento aplicado nas prisões da Turquia constitui uma inaceitável forma de tortura, que implica graves conseqüências psicológicas e físicas aos presos submetidos a este regime e, em conseqüência, contradiz o estabelecido no artigo 3 da convenção para a salvaguarda dos direitos humanos e das liberdades fundamentais.”

O ministro da justiça, Hikmet Sami Türk, rechaçou esta observação dos agentes internacionais. Como reposta, afirmou a manutenção do atual sistema invocando obstáculos de natureza técnica e de segurança para modificá-lo. Como reconhece o mesmo ministro da justiça, dos 55 mil presos turcos, cerca de 10 mil são presos políticos, acusados de terrorismo ou de pertencer a um partido ou organização política ilegal — coisa que é manifestamente contrária ao artigo 10 da convenção européia de “Direitos Humanos”.

A Turquia e a Otan

A Turquia é o mais firme pontal da Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte) e do Estado sionista de Israel na zona quente do Oriente Médio. Estes têm imposto um bloqueio informativo absoluto que a mídia acata docilmente. Além disso, o país tem sido abalado pela forte atuação de revolucionários comunistas que, em vários anos de combates, já conseguiram estabelecer áreas libertadas país afora.

Por causa desta situação, a Turquia é considerada um conclave militar estratégico na região e o investimento para a repressão à luta das massas turcas é pesado. A Europa dos “Direitos Humanos” entregou ao estado fascista turco 107 milhões de euros, a título de ajuda. Um verdadeiro ato de cumplicidade com os massacres ali perpetrados. No total, em 2000, a União Européia subvencionou com 2,3 bilhões a ditadura militar turca, um país membro do Conselho da Europa e aspirante a ingressar na União Européia, que, em 29 de março, deteve e prendeu 43 crianças de 9 e 10 anos pelo único “delito” de ser filhos de presas políticas encarceradas nas prisões de Kartal (Istambul).

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