Como AND alertava em sua última edição para a iminência do que estava para acontecer, as disputas imperialistas na Ucrânia afinal resultaram na divisão do país em dois.
De um lado, o imperialismo russo, como superpotência nuclear sedenta pelo domínio de áreas estratégicas para seus interesses e desesperada por manter suas áreas de influência; de outro, o imperialismo ianque, superpotência hegemônica, em luta por reafirmar-se como tal e estender suas garras rapaces.
Os ianques e países da União Europeia puxam daqui, e Moscou sob a chefia de Putin puxa de lá, tencionando as contradições interimperialistas em constante pugna e conluio na disputa pelo butim da Ucrânia, levando aquela nação ao limite da guerra civil.
Aconteceu até um uma farsa de “referendo” na Crimeia onde as opções apresentadas ao povo daquela República autônoma foram se gostariam de viver sob o jugo do imperialismo russo ou a mercê das vontades do USA e das potências da Europa. O resultado oficial do tal referendo foi de 97% dos votos a favor da anexação da Crimeia à Federação Russa. No dia 21 de março o Parlamento russo aprovou e Putin sancionou a lei ratificando um tratado que torna a Crimeia parte da Rússia.
Enquanto isso, na Ucrânia (com a Crimeia subtraída) a nova gerência autoproclamada na sequência da queda do ex-presidente pró-Moscou, Victor Yanukovich, já começou a assinar os seus tão sonhados tratos de submissão à União Europeia.
No mesmo dia em que na Crimeia as “autoridades” locais levavam ao limite as características fraudulentas de qualquer sufrágio organizado pelas fileiras do oportunismo e balizado pelos interesses do imperialismo, o “primeiro-ministro interino” da Ucrânia, Arseniy Yatsenyuk, esteve em Bruxelas para enfim assinar com as potências da União Europeia o famigerado Acordo de Associação rejeitado na última hora das negociações em novembro do ano passado por Viktor Yanukovich, o que foi o estopim para a crise política que ora desagua na repartilha do país pelas potências contendentes.
O próprio acordo tal e qual foi assinado por Yatsenyuk obedece às manobras interimperialistas em curso. O documento final subscrito no último 21 de fevereiro em Bruxelas ficou com apenas três dos sete capítulos originais, deixando para depois da farsa eleitoral na Ucrânia marcada para maio a assinatura dos termos econômicos e comerciais.
Horas antes da assinatura do “acordo”, USA e União Europeia anunciaram as primeiras sanções a oligarcas e magnatas russos ligados a Putin e que têm interesses diretos na Crimeia. Os ianques congelaram bens e proibiram viagens ao seu território de 11 indivíduos; a UE fez o mesmo com um total de 21 pessoas.
No dia seguinte, 22 de março, tropas de Putin tomaram a última grande base militar na Crimeia que ainda permanecia sob o controle de Kiev, a base de Belbek. O monopólio internacional da imprensa informou que houve resistência, ainda que precária, e que dois soldados ficaram feridos. Quatro dias antes, em 18 de fevereiro, um soldado russo e um soldado ucraniano morreram durante o assalto a um centro cartográfico em Simferopol, capital da Crimeia.
Com a sua ofensiva sobre a Ucrânia, o imperialismo ianque estende suas garras sobre a antiga zona de influência do imperialismo russo e busca consolidar esse avanço com tratados.
As massas trabalhadores ucranianas, momentaneamente aturdidas e dirigidas pelas frações da grande burguesia e forças fascistas, vão pouco a pouco avançando em sua resistência. Cabe a elas avançar na construção de uma frente patriótica anti-imperialista com um programa democrático-revolucionário para derrotar o fascismo e escorraçar as hienas imperialistas do seu chão.