UE: quase um quarto do povo na pobreza

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UE: quase um quarto do povo na pobreza

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A organização Rede Europeia de Luta contra a Pobreza informou em fevereiro que praticamente um quarto da população somada dos países que integram a União Europeia se encontra atirada à pobreza ou sob risco iminente do que se chama de “exclusão social”, ou seja, sem acesso a moradia, educação, saúde e tudo mais que seria necessário para um trabalhador levar uma vida digna.

Em números mais precisos, estão hoje nesta condição na UE nada menos que 124,5 milhões de pessoas, ou 24,8% da população do “bloco”. Trata-se do resultado do mais amplo e draconiano arrocho já dirigido às classes trabalhadoras pela grande burguesia, seus paus-mandados ditos “presidentes” e “primeiros-ministros” e suas instituições “multilaterais” em toda a história do capitalismo em sua fase monopolista.

Estes dados ridicularizam a chamada “Estratégia 2020”, lançada pela Comissão Europeia em março de 2010 como uma das ações da Europa do capital monopolista para fazer fumaça à inexorabilidade da corrosão das suas próprias estruturas e do sistema geral de exploração do homem pelo homem. Naquela feita, a Comissão Europeia estabelecia como meta a ser cumprida na década que então se iniciava: “tirar 20 milhões de pessoas da pobreza”.

Já o desemprego registado no final de janeiro nos 28 países da União Europeia foi de 10,8%, ou 26,2 milhões de residentes na UE sem trabalho, sendo que entre os jovens com até 25 anos de idade a taxa já passa dos 23%. Delimitando o perímetro do desemprego na zona do euro, a taxa geral sobe para 12% e bate nos 24% entre os jovens. O cotejo da taxa de desemprego com o índice de pobres da Europa evidencia ainda, portanto (tendo em vista a distância entre as porcentagens da pobreza e da taxa geral de desemprego), a precarização do trabalho e a deterioração dos salários, tendo em vista que há milhões de europeus “empregados” que não conseguem ficar imunes às mais dramáticas consequências da degradação das condições de vida das classes populares.

Exemplo crasso dessa degradação generalizada do emprego vem do Reino Unido, um dos três pilares, junto com Alemanha e França, do grande capital monopolista europeu. Lá, o gabinete oficial de estatísticas britânico acaba de reconhecer que vinha manipulando os dados referentes ao número de pessoas que trabalham sob o regime apelidado de “zero hora”, suprassumo da precariedade avalizada pelo Estado, no qual o trabalhador não tem qualquer garantia de salário. Ele tanto pode trabalhar uma hora por dia, quanto duas, dez ou, afinal, zero hora, ficando inteiramente a mercê da demanda do capitalista, sem qualquer segurança de quanto vai receber no fim da semana ou do mês. Em troca de disponibilidade máxima do trabalhador (ele pode ser chamado para trabalhar a qualquer hora do dia ou da noite), o patrão não oferece sequer garantia mínima, mas sim garantia zero.

Pois o “governo” de David Cameron teve agora que admitir que há hoje na Grã-Bretanha quase 600 mil trabalhadores sob este regime de semi-escravidão, mais que o dobro dos 250 mil que sua administração reconhecia até que começaram a surgir denúncias de manipulação de dados. A primeira delas aconteceu em 2013, com a divulgação de um estudo realizado pelo CIPD (Chartered Institute of Personnel and Development), uma organização voltada para os assim chamados “recursos humanos” — denúncia repercutida por AND em sua edição 116, publicada em setembro do ano passado.

Só na Inglaterra a pobreza já atinge mais de 13 milhões de pessoas, em um país com cerca de 53 milhões de habitantes. Ou seja: a pobreza atinge 24,5% dos ingleses, quase um quarto da população, como é hoje a condição de um em cada quatro trabalhadores europeus.

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