Um ano de vitórias sobre o imperialismo

Um ano de vitórias sobre o imperialismo

O ano que se encerra foi um período de grandes, enormes desafios para os povos do mundo que lutam guerras de libertação nacional contra o imperialismo e o fascismo. Como todos se lembram, 2009 começou com o auge da última grande agressão de Israel contra a Faixa de Gaza, iniciada no final de dezembro do ano anterior. Em janeiro, Obama assumiu o posto de "comandante-em-chefe" do imperialismo dando continuidade a ocupação do Iraque, reforçando as tropas agressoras no Afeganistão e exigindo sangue dos seus subordinados que gerenciam o Paquistão.

Além de lutarem contra o alto poderio militar estrangeiro mobilizado para tomar-lhes o chão e as riquezas de suas pátrias, os povos agredidos pelas potências imperialistas ainda precisaram enfrentar a traição e o oportunismo dos vende-pátrias recrutados pelo USA e seus cúmplices, além das agruras de um cotidiano de precariedade, desemprego, miséria e corrupção instaurado pela guerra. Mas apesar de todas essas dificuldades, foi um ano de incontestáveis avanços nas heróicas lutas populares contra as forças a serviço da recolonização do mundo.

No Iraque, o ano de 2009 termina com o número de baixas impostas pela resistência ao exército invasor chegando próximo à marca significativa de cinco mil homens desde o início da agressão, em 2003, fora os soldados de outros países e os mercenários contratados por Bush e Obama. Por outro lado, em 2009 o número de mortos entre a população iraquiana é o mais baixo nestes oito anos de ocupação, mostrando também que a resistência vem conseguindo defender o seu povo das chacinas promovidas pelo USA.

A guerra de libertação no Iraque impôs revezes também aos traidores do povo, com a resistência levando a cabo em outubro o maior ataque contra prédios do governo títere de Bagdá em mais de dois anos, e dois dias depois de o primeiro-ministro iraquiano fantoche do USA, Nuri Kamal al-Maliki, ter liderado uma comitiva de vende-pátrias em viagem ao USA para fechar arranjos entreguistas com industriais ianques.

A agonia duradoura dos agressores

O sucesso na defesa das riquezas dos iraquianos ante as investidas dos monopólios é notória, com as transnacionais tremendo de medo ante a força do povo organizado contra a rapinagem, inclusive abrindo mão de participar dos leilões de campos de petróleo promovidos pelos invasores por "receio com os problemas de segurança no Iraque", aspas retiradas dos comunicados oficiais que indicam nada menos do que o afugentamento que a resistência organizada e inquebrantável vem conseguindo impor ao grande capital.

No Afeganistão, o número de militares estrangeiros mortos cresceu 58% no primeiro ano da administração Obama em comparação com 2008, o último ano da administração Bush. Nos dez primeiros meses de 2009, foram registradas 468 baixas no exército invasor. O ano que se encerra foi, assim, o pior para o USA e as potências da Otan no Afeganistão.

Os chefes dessas potências não conseguem mais reafirmar as mentiras relacionadas à "guerra contra o terror" com quais vinham justificando o envio de mais e mais homens para a ocupação criminosa na Ásia Central, tendo em vista que a derrota final parece tanto mais próxima quanto mais as administrações imperialistas enviam contingentes para integrar a operação batizada com o nome hipócrita de "Paz Duradoura". Duradoura é a agonia do imperialismo, que tenta desafogar-se da atual crise de superprodução capitalista empreendendo novos e fracassados esforços pela partilha do mundo.

No segundo semestre de 2009, o povo afegão ainda desmascarou a farsa eleitoreira que o USA tentou lhe empurrar goela abaixo, negando-se a comparecer às urnas para escolher entre um lacaio e outro dos ianques. Depois de muitas denúncias de fraudes em um processo eleitoral fraudulento por natureza, e após o anúncio de desistência do candidato número dois a fantoche dos ianques, Hamid Karzai acabou "reeleito" para encabeçar o governo afegão de fachada por mais alguns anos, mas o USA foi desmoralizado pelo rechaço da população afegã ao seu sufrágio de mentira e por ter que sacramentar Karzai na marra, à vista de todos, ao mesmo tempo em que Obama se esmera para apresentar-se como encarnação final da moral e dos valores democráticos.

Resistência retarda venda do Paquistão

No Paquistão, nação prioritária nos planos do USA – com direito a Hillary Clinton sendo destacada praticamente com dedicação exclusiva para os esforços de dominação do país –, a resistência nacional segue sendo tachada de organização terrorista pelas autoridades ianques, pelos vende-pátrias do governo pró-imperialista e pelo monopólio internacional dos meios de comunicação, cujos integrantes apóiam em uníssono as empreitadas neocoloniais levadas a cabo pelas potências decadentes.

Não obstante, grandes êxitos vêm sendo alcançados pela resistência paquistanesa ao longo de 2009 contra o exército local, que está sob o duplo comando do USA e dos serviçais de Islamabad, principalmente por meio de ataques bem sucedidos contra as forças reacionárias nas regiões tribais que fazem fronteira com o território afegão. A resistência vem conseguindo atrapalhar o avanço das negociações entre as elites dirigentes locais e a administração Obama para que o Paquistão se torne efetivamente um enclave ianque com poderio nuclear estrategicamente situado entre a China, a Índia, o Irã, e o próprio Afeganistão, em um importante palco de uma provável guerra imperialista no futuro.

Outro recorde que o USA amargou em 2009 foi o de suicídios entre seus oficiais e recrutas. De janeiro até meados de novembro deste ano, 140 militares da ativa e outros 71 da reserva e da Guarda Nacional puserem fim à própria vida, acossados pela culpa, pela tensão, pelo pavor, ou simplesmente desequilibrados psicologicamente por serem oferecidos em sacrifício em nome da sanha colonial dos poderosos, em um total de 211. Em 2008, foram 197 suicidas no exército ianque, entre militares ativos e reservistas.

Mais ao oeste, a virada de 2009 para 2010 marca um ano da "Operação Chumbo Fundido", apelido dado pelos sionistas aos ataques massivos e covardes que o Estado criminoso de Israel lançou contra a Faixa de Gaza entre os dias 27 de dezembro de 2008 e 18 do mês seguinte. Entre os agredidos, os ataques ficaram conhecidos como "Massacre de Gaza". E foi realmente de um massacre que aquilo se tratou: foram cerca de 1.500 palestinos trucidados pela artilharia genocida – que se valeu inclusive de armas químicas em mais este capítulo do seu empreendimento de limpeza étnica da área ocupada pelos sionistas – entre os quais aproximadamente 400 crianças crianças com menos de 16 anos de idade. A ofensiva sionista deixou ainda 50 mil desabrigados e arrasou a maior parte da infra-estrutura da Faixa de Gaza, que na época já se encontrava bastante comprometida em função de anos de opressão econômica por parte de Israel.

Palestinos resistem aos mísseis e ao pacifismo…

Na sequência do "Massacre de Gaza", o protocolo da demagogia se cumpriu à risca. Quatro meses após a ofensiva sionista, a ONU se manifestou por meio de um relatório infame apresentado como "crítico" à "campanha israelense em Gaza", mas que na verdade expressava apenas o desapontamento pela "falta de consideração" de Israel durante a carnificina, não pela carnificina propriamente dita, mas sim pelo fato de que prédios das Nações Unidas acabaram danificados pelos bombardeios. Quanto ao uso de "fósforo branco" em Gaza, por exemplo, a crítica da ONU não menciona as queimaduras e os graves problemas respiratórios que o uso desta arma química por parte de Israel causou a centenas de palestinos, mas sim o fato de o composto ter causado a incineração de uma depósito de comida que estava sob sua jurisdição.

Mas o mais importante é que a resistência nacional palestina, naquele momento dirigida pelo Hamas, foi responsável por conter o avanço dos agressores fascistas de Israel em combates nas ruas e é esta mesma resistência, cada vez mais respeitada e seguida pelas massas, que vem coordenando a reconstrução de Gaza, mesmo com todos os boicotes e sabotagens imperialistas.

O documento causou revolta entre os palestinos, por ter ultrapassado os limites da hipocrisia e da conivência de sempre da "comunidade internacional" quanto aos crimes do sionismo, constituindo verdadeira afronta aos que sucumbiram ante à truculência de Israel. Outra nuance que recrudesceu em 2009 da demagogia e da afronta via de regra dirigidas ao povo palestino foi a falsa solução dos "dois Estados", a preferida daqueles que pregam a paz para os agressores e a resignação dos agredidos. A euforia pacifista voltou à tona depois que uma provocação do primeiro-ministro sionista, o senhor da guerra Benjamin Netanyahu, feita no último mês de junho foi repercutida como uma proposta séria. Netanyahu "propôs" a criação de um Estado palestino, desde que desarmado, com Jerusalém permanecendo sob o domínio dos seus invasores e sob absurda condição de que o Estado de Israel seja reconhecido como um ente legítimo por aqueles que tiveram sua pátria roubada e sua gente assassinada exatamente pelos que reivindicam legitimidade.

Ao mesmo tempo, o novo chefe do USA não se furtou ao papel que lhe cabe nesta questão enquanto cabeça do imperialismo ianque e maior financiador do projeto de extermínio dos palestinos na Palestina. Obama foi mais um inquilino da Casa Branca que contou com a ajuda do lobby sionista em Washington para se viabilizar até esta posição, e foi também mais um "comandante-em-chefe" que não tardou em encenar tentativas de acordos de paz entre os sionistas e os demagogos da burocracia da Cisjordânia, aqueles que traem seu povo sentando-se à mesa com os assassinos para negociar todo e qualquer tipo de acordo picareta, tratos inúteis, tudo o que não interessa aos legítimos donos daquelas terras, cuja demanda é uma só: o fim do projeto colonial sionista e a restituição de todo o território usurpado.

… E ainda aos traidores e colonatos

Assim podemos perceber que a luta nos territórios ocupados da Palestina não se resume à resistência armada às forças militares de Israel, incluindo também o combate à contra-informação trombeteada pelos traidores e corruptos, que se mancomunam com os algozes do povo palestino para arquitetar manobras postergatórias e ainda dizem representar toda a gente oprimida. A luta do povo palestino inclui ainda os esforços diários pela sobrevivência digna, o que ao longo de 2009 veio se tornando algo cada vez mais difícil, tendo em vista do acelerado processo ditado por Israel de precarização das condições de vida nos territórios cercados pelo exército sionista, onde existe até uma estratégia de negar água àqueles que se quer exterminar, por meio do boicote a projetos de fornecimento de água limpa e apropriação dos recursos de um grande manancial na Cisjordânia.

Foi o atual chefe deste sionismo genocida que Luiz Inácio recebeu de braços abertos, em novembro. O velho fascista Shimon Perez desembarcou em nosso país acompanhado de uma dezena de capitalistas sionistas a tiracolo, que vieram fazer negócios com seus congêneres brasileiros e arranjos com a gerência de turno à frente da semicolônia Brasil. Depois que o chefe sionista tomou o seu rumo, Luiz Inácio voltou a afrontar o povo da Palestina, esmerando-se na hipocrisia pacifista ao dizer em seu programa semanal de propaganda radiofônica que sonha com um "jogo da paz" entre a seleção brasileira de futebol e um time formado por jogadores israelenses e palestinos.

Apesar de tudo isso, o povo palestino jamais abrandou a permanente luta pela libertação da sua terra, mesmo em um ano que começou com um impiedoso massacre e termina agora com o traidor Abbas, em visita à América do Sul atrás de adesões dos chefes das semicolônias ao projeto conciliador da Autoridade Nacional Palestina, dizendo "Deus nos livre de uma nova Intifada", ou seja, conclamando os palestinos à capitulação. Esta inspiradora perseverança na luta contra a opressão neocolonial, bem como as inquebrantáveis resistências ao imperialismo no Iraque, no Afeganistão e no Paquistão, são exemplos que devem encher de ânimo revolucionário as massas trabalhadoras de todo o mundo. Neste fim de ano, as confraternizações devem ser balizadas pela certeza de que só com solidariedade e coordenação entre os movimentos verdadeiramente populares será possível impor a derrota final ao sistema internacional de exploração do homem pelo homem, matriz de todas as injustiças, violências e misérias do mundo.

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