Zona da Mata mineira, Itaperuçu, distrito de Palma. No dia 20 de janeiro de 1914 nasce Ricarte Sarandi, em uma família camponesa que totalizava 22 irmãos.
A propriedade paterna de cem alqueires se tornou pequena para tão grande família, mas foi o avanço do latifúndio que os expulsou para a cidade. Aos dezesseis anos, já em Juiz de Fora, Sarandi trabalha como marceneiro e, através da União Operária ingressa, junto com o pai e outros 4 irmãos, no Partido Comunista do Brasil. Teve a honra de militar na juventude comunista ao lado do bravo Maurício Grabois.
Em 1935, durante o levante popular, foi preso (uma de suas 20 prisões políticas), primeiramente na Casa de Detenção, onde conheceu Olga Benário em seu período de prisioneira da polícia fascista de Getúlio Vargas/Filinto Muller. Em seguida, foi transferido ao campo de concentração da Ilha Grande, onde não abandonou a combatividade.
Libertado em 1940, casou-se e teve um filha. Alfabetizou operários durante a construção de Brasília, trabalhou na construção da Compania Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda. Foi ainda pedreiro, carpinteiro, padeiro, mecânico, marceneiro, enfermeiro (formado em 1963, em Goiânia) e professor de história, sempre conciliando a atividade profissional com a incansável ação revolucionária.
Em 1964, exercendo a função de professor de história em Brasília, foi interrogado pelos militares contra-revolucionários, juntamente com outros funcionários públicos, e impedido de lecionar. Continuou em Brasília até 1977, quando retornou para Juiz de Fora.
Lúcido, em agosto de 2003, aos 91 anos, Sarandi deu, entrevista ao AND, onde contou a sua história, que se confunde com a do Brasil.
Sem dúvida um exemplo para todos que desejam um Brasil liberto.
Faleceu em 2 de junho de 2005, em Juiz de Fora, com a certeza de que "Pregar Socialismo com eleição é querer enganar, disso eu tenho certeza!"