Uma nova fagulha – Reitorias ocupadas no Brasil e na Europa

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Uma nova fagulha – Reitorias ocupadas no Brasil e na Europa

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Universidade Estadual da Bahia

http://jornalzo.com.br/and/wp-content/uploads/https://anovademocracia.com.br/52/9a2.jpgNo último 16 de março dois mil estudantes levantaram-se em protesto e decidiram ocupar a reitoria da Universidade Estadual da Bahia — Uneb. Eles reivindicavam uma reunião com o governo do estado, com o Ministério Público e a direção da Universidade para cobrarem a abertura imediata de concurso para o preenchimento do quadro defasado de professores e compra de livros para as bibliotecas da instituição.

Após a deflagração do protesto estudantil, a Associação dos Docentes da Uneb divulgou nota oficial de apoio ao movimento que se estendeu aos campi de Bom Jesus da Lapa, Caetité, Guanambi e Valença, municípios do centro-sul baiano.

As mobilizações se desdobraram numa série de atividades, reuniões, assembléias e protestos nas ruas, principalmente em frente ao campus do Cabula, ocupando as duas faixas da Avenida Silveira Martins, em Salvador.

Desde o início do protesto, um grupo de estudantes manteve a reitoria ocupada com barracas e faixas com as reivindicações de estudantes, professores e funcionários.  

Até a publicação desta edição de AND o movimento, que perdurou por mais de duas semanas, também parou a BR42 em frente ao campus IX da Universidade, erguendo as bandeiras da contratação imediata de professores, de mais verbas para a Universidade, implementação de laboratórios, instalação de um Restaurante Universitário e ampliação da biblioteca.

A reitoria falava de um déficit de 50 professores, mas os estudantes denunciam a falta efetiva de 740 professores em todos os campi. A Uneb possui cerca de 30 campi e vem apresentando um processo crescente e ininterrupto de deterioração física e acadêmica. A aplicação das diretrizes de destruição do ensino superior público ditadas pelo Banco Mundial/ Gerência FMI-PT levou a esse quadro insustentável, resultando na ocupação estudantil.

Universidade de Sorocaba

http://jornalzo.com.br/and/wp-content/uploads/https://anovademocracia.com.br/52/9a3.jpgNo dia 31 de março os estudantes dos cursos de Comunicação Social e Licenciatura ocuparam a reitoria da Universidade de Sorocaba — Uniso, campus da Raposo Tavares.

Os alunos protestaram contra o método com que as aulas de disciplinas teóricas são ministradas. Atualmente, as disciplinas teóricas fundem várias turmas com um elevado número de alunos que têm que migrar pelos prédios da Universidade para assistirem as aulas. Os alunos reivindicam que as aulas sejam ministradas nos seus respectivos prédios e departamentos, para assegurar a qualidade do ensino. Os estudantes também se queixam da conduta do pró-reitor que, segundo os representantes estudantis, não apresentou qualquer proposta para a solução da questão.

Estão precarizando, os alunos terão dificuldades no mercado de trabalho porque a Uniso quer reduzir custos— Pontuou Gilson Amaro, presidente do Diretório Central dos Estudantes.

Universidade Estadual Paulista

http://jornalzo.com.br/and/wp-content/uploads/https://anovademocracia.com.br/52/9a4.jpgNo dia 2 de abril a diretoria da Faculdade de Ciência e tecnologia da Unesp foi ocupada pelos estudantes que reivindicam a construção do Restaurante Universitário, a revogação do processo feito para a moradia e por contratação de professores.

Na semana anterior, mais de 200 estudantes do campus de Presidente Prudente da Unesp decidiram em Assembléia pela ocupação da diretoria do campus construindo uma pauta de reivindicações que consistia na construção do Restaurante Universitário, revogação do processo anual de moradia, pela permanência da duplicidade de bolsa e contratação de professores.

As reivindicações de democratização da Universidade voltam de tempos em tempos sob a forma de grandes ondas nas Universidades brasileiras. Uma nova fagulha brilha na tormentosa luta dos estudantes brasileiros pela conquista de uma Universidade pública, gratuita, autônoma e nacional. Basta que encontre o combustível das mobilizações estudantis para que se converta em um grande incêndio por todo o país.

Na Europa, estudantes protestam contra política de mercantilização das Universidades

http://jornalzo.com.br/and/wp-content/uploads/https://anovademocracia.com.br/52/9a-5.jpgNo início do mês de abril, dezenas de estudantes ocuparam a reitoria da Universidade de Zaragoza (norte de Espanha) para protestar contra o Processo de Bolonha e em solidariedade com os manifestantes de Barcelona, envolvidos em um protesto idêntico há vários meses e duramente reprimidos pelas forças de repressão do Estado espanhol.

Organizados pela Assembléia Contra a Privatização da Universidade— ACPU de Barcelona, os estudantes ocupam parte de um dos edifícios da Universidade há mais de três meses e hoje de manhã transferiram-se para a reitoria.

A ocupação iniciou na Faculdade de Ciências da Educação da Universidade Autónoma Barcelona — UAB, em protesto contra o Processo de Bolonha. O protesto se estendeu rapidamente para as Faculdades de Geografia e História e de Direito da Universidade de Barcelona.

A decisão de ocupar as Universidades partiu de um encontro com mais de 200 estudantes que decidira deflagrar uma greve de três dias. Essas ações foram uma resposta à ação truculenta da polícia que desocupou a reitoria da Universidade de Barcelona, tomada pelos estudantes durante meses, também em protesto contra o Processo de Bolonha.

A ação policial recebeu valente resposta estudantil e terminou com dezenas de feridos.

O Processo de Bolonha resultou em uma declaração assinada pelos ministros da Educação de 29 países europeus, em Junho de 1999. Este processo representa mudança significativa nas políticas do ensino superior dos países envolvidos, criando uma "Área Européia de Ensino Superior" unificando o sistema universitário europeu. O Processo de Bolonha corresponde, com devidas proporções, às medidas da "Reforma Universitária" ditada pelo Banco Mundial no Brasil e tem provocado grandes protestos na Espanha e em toda a Europa contra o que os estudantes caracterizam como "mercantilização" do ensino.

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