A Coluna é em si mesma uma epopéia. Como foi, se avessamente, o cangaço. Como foi, se olhada através de Euclides da Cunha ou da visão isenta, Canudos.
Souto Maior recolhe uma preciosa coleção de poemas, nem todos bons no sentido mais exigente que o leitor de poesia dê a esse tão discutível adjetivo, mas todos indispensáveis para o propósito do antologista, que é sobretudo um historiador. E como tal, seu livro é um documento riquíssimo, pelo que conta, documenta e resgata, de fotos a mapas, de cronologia da coluna a depoimentos de uns quantos contemporâneos de nomeada e cartas.
(Numa segunda e prometida edição, não deve faltar um índice que facilite a busca dos poetas, bem como um onomástico que cubra os depoimentos.)
Na antologia há nomes como Éluard, Neruda e Alberti, entre os estrangeiros, e nossos Mário de Andrade, Raul Bopp, Murilo Mendes, Gerardo Melo Mourão, Alexei Bueno e o próprio Souto Maior, mais uns preciosos cordéis.
A épica anda fora de moda,essa intrusa no espaço das artes,tal como foi antes um gênero de primeira grandeza. Mas os bons poetas sabem como, no âmbito da lírica, introduzir a saga, o feito, o fato, a realidade. Pois há pessoas e há assuntos dignos do trato e do ângulo coletivo, não intimista. Como bem diz minha amiga Amanda Berenguer, poeta uruguaia, tudo é assunto para a poesia.
Outro amigo, professor, filólogo e linguista Serafim da Silva Neto: "Não há assuntos esgotados e sim pessoas esgotadas diante dos assuntos".
Prestes não é assunto esgotado e o livro de Souto Maior o prova com este riquíssimo painel do que foram o homem, suas idéias, sua coluna, seu legado.