Uma visão política sobre o aumento do número de milionários brasileiros

Uma visão política sobre o aumento do número de milionários brasileiros

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Um estudo elaborado pela consultoria Capgemini em parceria com a RBC Wealth Management e divulgado recentemente apresentou um novo dado que confirma o fato de que as classes dominantes parasitárias e reacionárias das semicolônias engordam, enchem a pança e os bolsos com as migalhas a elas atiradas pelos monopólios na proporção direta do acirramento da exploração dos recursos e dos trabalhadores locais pelas grandes companhias transnacionais.

O estudo, intitulado “World Wealth Report” (em português, algo como: Relatório Sobre a Riqueza Global) mostrou que o número de milionários no Brasil chegou a 165 mil em 2011. São dez mil milionários a mais no ano passado em relação ao ano anterior, 2010. Entre as maiores economias do planeta – ou seja, aquelas onde há maior movimentação de capitais – o Brasil foi o lugar onde esse segmento ínfimo da população mais cresceu percentualmente: 6%, mais do que no USA e na Alemanha, por exemplo.

O estudo considera milionárias as pessoas com mais de 1 milhão de dólares “disponíveis para investimento”. Noves fora quem ganhou na loteria e que recebeu gordas heranças, trata-se de quem joga o jogo do capitalismo burocrático brasileiro, se dando bem a custa da degradação das condições gerais de vida do povo trabalhador.

E como esse jogo se desenrola? Ora, na semicolônia Brasil, como em outras nações exploradas na divisão internacional do trabalho, vigora a estirpe de capitalismo que funciona com base no azeitamento das condições para a devastação promovida pelo capital monopolista estrangeiro. Tudo funciona muito bem para os monopólios empenhados em trazer “investimento estrangeiro” para o país em troca das migalhas que os grandes grupos econômicos transnacionais lhes atiram à boca.

Em poucas palavras: no capitalismo burocrático brasileiro dão-se bem os vende-pátria e oportunistas de toda sorte que se apresentam para esse trabalho, quem está em posição e tem condições de se inserir no processo de entrega do país ao bel-prazer das transnacionais, sendo muito bem remunerados pelo serviço sujo, seja com “consultorias”, seja na farra do mercado de ações, seja recebendo a parte que lhes cabe em aquisições de empresas nacionais por capital estrangeiro, ou outros malfadados caminhos mais.

Grandes grupos locais associados à expoliação

Uma outra pesquisa, esta divulgada ainda em 2011 e feita em parceria entre a mesma Capgemini e o banco ianque Merryll Lynch, mostrou que a expectativa é de que o número de milionários brasileiros vai dobrar até o ano de 2016, tamanhas são as perspectivas que o gerenciamento petista abre para o processo de enraizamento da exploração dos monopólios, com o consequente aumento do patrimônio das classes dominantes locais, a custa do empobrecimento das massas proletárias e da desindustrialização do país. A maioria dos futuros novos milionários são acionistas de empresas nacionais que passarão por processos de fusões e aquisições.

A disparada do número de milionários brasileiros é bem real, ainda que a proporção desses novos ricos em relação ao total da população continue sendo muitíssimo pequena. Enquanto isso, o gerenciamento petista se esmera para tentar mostrar que os trabalhadores também estão saindo ganhando com o acirramento das engrenagens do capitalismo burocrático, com malabarismos estatísticos sobre “ascensão de classe” nos quais reinam as manipulações em torno da renda e das classificações sobre os estratos sociais sob a perspectiva capitalista (classe média, alta classe média, baixa classe média, classe C etc).

Um cotejo interessante é comparar o aumento do número de milionários no Brasil com o recorde de remessas de lucros pelos monopólios às suas matrizes no exterior: US$ 5,58 bilhões em 2011, um aumento de 36,1% em relação a 2010. O que uma coisa tem a ver com a outra? Ocorre que essas gigantes transnacionais que fazem a festa por aqui têm as portas abertas e são ciceroneadas, assessoradas e mancomunadas com grandes grupos capitalistas locais, banqueiros periféricos e políticos eleitoreiros. A eles, as milionárias recompensas pela destruição da nação!

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