Grevistas usam ônibus para ocupar avenida
Dezenas de trabalhadores rodoviários vêm sendo demitidos em São Paulo e na região metropolitana da cidade em retaliação às paralisações realizadas à revelia da direção sindical pelega entre os dias 20 e 24 de maio deste ano. Outros mais devem ser mandados embora logo depois da Copa do Mundo da Fifa. E pior: há informações de que as demissões foram acertadas entre os patrões de pelo menos três empresas e a diretoria do Sindmotoristas (Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo), que estaria tentando, digamos, eliminar a “dissidência”.
Já o “governador” do estado de São Paulo, Geraldo Alckimin, tentou maquiar a retaliação com demissão sumária de 42 trabalhadores do Metrô paulista que participaram ativamente da combativa greve levada a cabo na primeira quinzena de junho por aquela categoria com o curinga preferido dos reacionários de plantão da semicolônia Brasil padrão Fifa: “atos de vandalismo”. Entretanto, ainda durante a greve, o próprio Alckimin cometeu ato falho ao dizer: “Voltando ao trabalho, não haverá mais demissões”.
No dia em que os metroviários paulistanos decidiriam se iriam manter a greve pela readmissão dos 42 funcionários demitidos, o jornal O Estado de S. Paulo, o famigerado “Estadão” – notório vomitador de editoriais antipovo, sempre recheados de ódio de classe e ranço elitista – fez o papel de trombeteiro do gerenciamento Alckmin e colocou na praça a informação de que o “governo” já teria uma lista com até 300 nomes de funcionários que integraram a greve e que poderiam ser demitidos em caso de nova paralisação, e mais: que “o metrô não teme a falta de funcionários para operar o sistema, ainda que demita de fato 300 pessoas”, em uma clara tentativa de semear a intimidação e o divisionismo durante o dia para que ambos florescessem na forma de capitulação à noite, na assembleia.
Poucas vezes, aliás, dada a importância da Copa do Mundo para as grandes empresas de comunicação e para os parasitas em geral, o monopólio da imprensa se esganiçou com tanta raiva contra uma greve como contra esta dos metroviários de São Paulo, repetindo ad infinitum e a máximos decibéis a cantilena suja dos “transtornos à população”, tentando jogar povo contra povo.
No afã de tentar desqualificar a justa greve, o monopólio produziu algumas peças contendo indignidades manipulatórias tamanhas que descortinaram o seu destempero diante da possibilidade de ver o metrô de São Paulo parado durante a Copa. No dia 9 de junho, o site da revista Veja, baluarte da imprensa reacionária e, portanto, avessa a qualquer postura das classes trabalhadoras que não seja a de uma vida bovina, publicou uma nota intitulada “No sindicato dos metroviários, dia de cerveja e dominó”:
“Algumas das principais estações do metrô de São Paulo amanheceram fechadas pelo quinto dia consecutivo, mas na lanchonete do Sindicato dos Metroviários, na Zona Leste da capital, nunca houve tanto movimento. Nesta segunda-feira, antes da assembleia da categoria – agendada para as 13 horas, mas adiada para o final do dia –, dezenas de garrafas de cerveja (preços de 3,50 a 7,50 reais) podiam ser vistas nas rodas de bate-papo. Um grupo também improvisou um campeonato de dominó. “Não dá mais nem para contar”, disse um funcionário da lanchonete sobre a quantidade de caixas de bebida vendida nos últimos dias.”
No dia 13 de junho o Ministério do Trabalho do gerenciamento Dilma aplicou uma multa de R$ 8 mil ao Metrô de São Paulo por “prática antissindical” cometida no ato da demissão dos 42 trabalhadores. Não porque o Ministério do Trabalho esteja “sempre alerta”, mas sim porque a greve dos metroviários aconteceu em São Paulo, estado gerenciado pelo PSDB, fração do Partido Único que faz “oposição” ao PT. Tivesse sido esta greve levada a cabo em estado gerenciado pelo PT ou partido da “base de apoio”, teria sido uma greve motivada por “questões políticas” – no sentido de política eleitoreira -, ou obra da “direita golpista”.