Violeta se fue a los cielos e ao coração do povo

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Violeta se fue a los cielos e ao coração do povo

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Violeta se fue a los cielos chegou às telas do cinema nacional em junho. O filme, dirigido por Andres Wood — mesmo diretor do premiado Machuca (2004) — e co-produzido por Brasil, Argentina e Chile, é um belíssimo e dramático retrato de Violeta Parra, que cantou, escreveu, pintou e bordou seu amor pelo povo.

O filme, uma livre adaptação do livro homônimo de Ángel Parra, filho de Violeta, já chegou ao Brasil como sucesso de crítica, de público e de prêmios. O mais recente, foi o de melhor filme do Festival Cine Ceará. Antes, foi o grande vencendor do Sundance Festival e Miami Festival (USA), do prêmio do público no Festival de Toulouse (França), de melhor atriz para Francisca Gavilán no Festival de Huelva (Espanha) e Guadalajara (México), etc. Participou em mais de uma dezena de festivais pelo mundo e foi o indicado ao Oscar e ao Goya, como melhor filme estrangeiro.

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Francisca Gavilán ganhou o prêmio de melhor atriz nos festivais de Huelva, na Espanha, e no de Guadalajara, no México

O filme é esteticamente bonito e narrativamente complexo. Com uma narrativa não linear, mescla momentos da infância e da vida adulta da cantora. Violeta caminha sob a névoa, está viva, mas também pode estar morta. Caminha a passos intranquilos por diversos momentos de sua vida, nos mostra seus segredos, medos, frustrações, paixões e alegrias. O caráter forte e impulsivo de Violeta é magnificamente interpretado por Francisca Gavilán, que também interpreta diversas canções no filme. Talvez pese um pouco, como criticou Tita Parrra, neta de Violeta, a versão dramática da artista em detrimento de seu lado poético, carinhoso e, principalmente, de sua ligação com o povo chileno. O diretor preferiu centrar-se nas paixões de Violeta, mas acabou esquecendo-se de que a maior paixão da artista era estar junto a seu povo.

Violeta Parra del pueblo

Violeta nasceu sob o sol da revolução, em 4 de outubro de 1917, no sul do Chile, filha de uma camponesa e de um professor de música. Passou a infância no campo e desde pequena teve contato com a música, o teatro, o circo e principalmente com as parcelas mais sofridas do povo chileno, os camponeses, os mineiros e os indígenas. Para Violeta,a obrigação de cada artista é colocar o seu poder criador a serviço dos homens. Já é arcaico cantar aos riozinhos e às florzinhas. Hoje a vida é mais dura e o sofrimento do povo não pode ser ignorado pelo artista”. Em uma passagem de Violeta se fue a los cielos, que recria uma entrevista, a multi-artista é indagada com qual de suas artes preferia ficar, a resposta é uma prova do compromisso de Violeta: “eu escolheria ficar com as pessoas, porque são elas que me inspiram“.

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O que fez de Violeta uma artista tão importante é, acima de tudo, seu profundo compromisso com seu povo e sua luta. Violeta cantou a injustiça contra o mineiro, o camponês, o índio e os estudantes, mas também a rebeldia em mais de três mil obras musicais, textos, quadros e tapeçaria. Suas canções foram inspiradas pelo mais profundo sentimento popular chileno. Violeta percorreu boa parte do país buscando recuperar canções populares que estavam caindo no esquecimento. Ela também incorporou outras influências em sua música, além das mapuches, como instrumentos venezuelanos e andinos.

A artista se tornou importante não somente na América Latina, mas em todo o mundo. Suas obras foram expostas no Museu de Artes do Palácio do Louvre, em Paris. Sua arte foi levada à União Soviética, Suíça, França, Itália e Alemanha. Suas canções foram imortalizadas nas vozes de artistas de vários países, inclusive o Brasil.

Em 1965, Violeta iniciou seu último grande projeto e inaugurou “La Carpa La Reina”, que queria transformar na universidade popular do folclore. Aos poucos, suas forças e seus projetos foram decaindo. Em 1967, Violeta se foi, mas continua nos corações e na memória de todo o povo latinoamericano.

Ficha Técnica

Chile, Brasil e Argentina, 2011, 110 minutos.
Direção: Andrés Wood
Produção Executiva: Patricio Pereira, Pablo Rovito, Fernando Sokolowicz, Denise Gomes e Paula Cosenza
Produção Comercial: Alejandra Garcia
Roteiro: Eliseo Altunaga, Rodrigo Bazaes, Guillermo Calderón e Andrés Wood
Fotografia: Miguel loan Littin (AEC)
Conselheiro Criativo: Ángel Parra
Música: Violeta Parra

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