Camponeses saem em passeata pelas ruas de Conceição do Araguaia, Pará
No dia 21 de março, mais de 600 camponeses representando 15 áreas, além de famílias camponesas em luta pela terra dos municípios de Conceição do Araguaia, Redenção, Santa Maria das Barreiras, Floresta do Araguaia, Cumaru do Norte e outros, reuniram-se no 2º Congresso da Liga dos Camponeses Pobres do Pará e Tocantins.
O Congresso, realizado em uma escola de Conceição do Araguaia, foi um grande acontecimento que impactou a cidade e mudou a rotina dos municípios e áreas atingidos pela sua propaganda. Sua realização encerrou um amplo processo de preparação iniciado em janeiro com dezenas de reuniões e Assembléias em diversos locais para a eleição dos delegados representantes.
De acordo com o relato dos camponeses participantes, um dos fatos mais marcantes do Congresso foi a grande mudança promovida no ânimo e compreensão das massas camponesas sobre a luta pela terra e sobre a Liga dos Camponeses com a propaganda e agitação promovida nas áreas durante a sua preparação. Em um balanço sobre os trabalhos, um dirigente da LCP chegou a dizer que "a propaganda foi a grande responsável pelo sucesso do Congresso".
— Foi grande presença de companheiras e companheiros que não estão organizados nos acampamentos e áreas. São companheiros que vieram à procura de tomar a terra. Várias famílias e camponeses presentes vieram ao Congresso através da propaganda da Revolução Agrária, porque querem terra e sabem que com a luta da LCP podem conquistar e que a Revolução Agrária dará terra aos camponeses! — destacou Zé Duarte, um dos coordenadores da LCP.
A maior parte dos camponeses presentes era de Redenção, expulsos das terras na famigerada operação "Paz no Campo", desencadeada em novembro de 2007 sob comando da governadora Ana Júlia Carepa — PT. Respeitando a tradição dos Congressos da LCP, os camponeses iniciaram com uma a manifestação que percorreu toda a cidade com muitas faixas e bandeiras. Várias pessoas que estavam nas ruas naquele momento aderiram a manifestação engrossando suas fileiras.
A plenária do Congresso foi marcada pela intensa participação dos camponeses, que manifestaram seu desejo de participar das tomadas de terra junto à LCP e cobraram a presença e atuação de sua combativa organização nas áreas. Vários camponeses pediram apoio da LCP nas áreas, a exemplo da área Cangalha (Estrela de Maceió) onde várias famílias produzem, mas são extorquidas por oportunistas que há muito tempo prometem regularizar os títulos, mas embolsam o dinheiro dos camponeses sem dar solução aos seus problemas. O 2º Congresso ocorreu sob o fluxo de uma grande onda de tomadas de terras no estado, em um período em que o latifúndio e a gerência de turno de Ana Júlia Carepa — PT estão açulados pela política de repressão e tentativa de aniquilamento do movimento camponês combativo ditada por Gilmar Mendes, porta voz do velho Estado reacionário.
O Congresso sistematizou e aprovou o conjunto de propostas sistematizadas e aprovadas no Encontro de Delegados ao Congresso que são:
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Em seu balanço divulgado em nota na internet, a LCP do Pará e Tocantins destacou que "a realização de nosso Congresso é mais uma grande vitória do movimento camponês combativo que luta todos os dias contra as ataques do latifúndio e seus representantes, é uma vitória dos democratas e de todos que lutam contra os inimigos do povo, é uma vitória contra os oportunistas que tentam de toda forma atrasar e desviar a luta do povo, é uma vitória dos camponeses do Pará que nunca se renderam aos mais ferozes ataques promovidos pelas forças reacionárias".
Palavra franca dos camponeses
— Sofri muito com a operação "Paz no Campo", mas não abro mão de lutar pelo direito a terra. — Val, um camponês que era acampado da fazenda Forkilha.
— Assassinaram meu marido covardemente. Quero justiça e vou continuar lutando por um pedaço de terra, pois só assim vou sobreviver com meus três filhos. — Neide, camponesa que era acampada da "Vaca Branca" e teve seu marido assassinado por pistoleiros.
— Vivo uma vida de miséria, sou mãe de 11 filhos e só a terra vai solucionar o nosso problema para produzir e acabar com a fome — Tereza era acampada da fazenda Bradesco.