A revelação pela organização WikiLeaks de informes secretos emitidos nos últimos anos pelas embaixadas do USA em todo o mundo para Washington vêm se constituindo em provas irrefutáveis, documentadas, do alto grau de subserviência da gerência petista ao imperialismo ianque, não obstante os arroubos demagógicos de Luiz Inácio contra a empáfia dos “gringos”.
Um despacho do dia 11 de janeiro de 2010 ressalta que o então ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, chegou a quebrar todos os protocolos e correu para se encontrar com o, na época, novo embaixador do USA em Brasília, Thomas Shannon, poucas horas depois de o diplomata desembarcar na semicolônia, vindo diretamente da matriz. Amorim foi dizer pessoalmente ao representante de Obama no Brasil que a gerência petista tinha interesse em iniciar uma fase de “maior compromisso” com os ianques e que esperava uma visita da secretária de Estado Hillary Clinton ao Brasil o mais rápido possível, o que viria a acontecer menos de dois meses depois, no início de março de 2010.
Documento ainda mais revelador do esmero por parte dos petistas em se
oferecerem como bons lacaios ao USA foi o cabo diplomático emitido no dia 2 de outubro de 2009, por ocasião da visita ao Brasil da diplomata ianque Shari Villarosa:
“A relação entre os Estados Unidos e o Brasil tem sido tão produtiva e tem se dado em bases tão amplas como nunca se viu nas últimas décadas, resultado da ligação cordial e pessoal estabelecida entre o presidente Obama e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está sendo construída sobre a excelente relação de Lula com o ex-presidente Bush.”
Em outras palavras, a gerência petista azeitou a rapina imperialista no Brasil “como nunca antes na história deste país”, como diria o próprio entreguista-mor. Não foi por acaso que meses antes, em abril daquele ano, o recém-empossado Obama referiu-se a Luiz Inácio como “o cara” em uma reunião do G20 em Londres — “o cara” de confiança do imperialismo na América Latina.
Notícias do genocídio olímpico
Outro despacho, este de 4 de setembro de 2009, trata de uma série de reuniões entre o general James Jones, assessor de Segurança Nacional de Obama, e a cúpula da gerência do PT: Celso Amorim, o ministro brasileiro da Defesa, Nélson Jobim, a então ministra da Casa Civil, Dilma, o assessor especial da presidência da República para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, o presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli e o então presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
No texto, salta aos olhos a exposição de Dilma ao militar ianque sobre o que impedia a administração da semicolônia de apoiar abertamente a instalação de novas bases militares do USA na Colômbia: os desconfortos que as perguntas da imprensa sobre o assunto causavam ao partido.
O mesmo documento relata ainda a prestação de contas de Henrique Meirelles ao general James Jones sobre a cota de contribuição de US$ 10 bilhões que cabia ao Brasil, requisitada pelas potências do G20 junto à gerência petista, para financiar o FMI em meio à agudização da crise geral dos monopólios. O Brasil ainda não havia desembolsado o dinheiro, mas Meirelles tranquilizou o emissário do verdadeiro patrão: “Isso vai acontecer”.
Outro cabo diplomático, datado de dezembro de 2009, reporta ao covil do imperialismo ianque que a gerência do PT vinha se mostrando ainda mais receptiva à “cooperação” com Washington após o anúncio da escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
Neste documento, a embaixada do USA em Brasília diz que a administração Obama deve olhar para as olimpíadas de 2016 no Rio como uma oportunidade não só para as empresas ianques ligadas ao negócio do esporte, mas também para o incremento da presença do USA no Brasil em matéria de segurança e “troca de informações”.
Além disso, a embaixada ianque em Brasília reporta ao USA as notícias sobre o genocídio olímpico em curso no Rio, ressaltando o plano de Cabral e Eduardo Paes de levar o terror das famigeradas Unidades de Polícia Pacificadora a nada menos do que 100 favelas cariocas até 2016.