Curitiba – No mês de julho, os índios Xokleng de Terra Ibirama, no município de José Boiteux, região central de Santa Catarina, haviam protestado mais uma vez contra a indiferença dos governantes em relação ao seu estado permanente de miséria (veja AND nº 12). Naquele momento, pediram a remarcação de seu território, com a adição de 23 mil hectares aos 14 mil atuais. Seria uma forma de indenizá-los, ainda que houvesse um enorme decurso de prazo que possibilitou enormes prejuízos causados pela construção da Barragem Norte, iniciada em 1972 dentro das terras Xokleng e causadora de fome e isolamento nas aldeias. Na época, os mil hectares mais férteis dali foram alagados devido às obras.
Os protestos findaram com a promessa do Ministério da Justiça de estudar o caso o mais rapidamente possível. Os índios queriam uma posição até 31 de julho, o MJ pedia 120 dias. Em 13 de agosto, com uma rapidez até surpreendente, foi concedida a adição territorial, com a promessa de instalação pelo Incra das 409 famílias não índias que ocupam as terras reivindicadas, estendidas para os municípios de Doutor Pedrinho, Itaiópolis e Vitor Meireles. O perímetro da reserva será de 110 quilômetros.
Segundo o site do Conselho Indigenista Missionário (www.cimi.org.br), “as reações contrárias a este ato administrativo são intensas no estado de Santa Catarina, principalmente vindas de setores políticos e do governo do estado, anunciando que exigirá a revogação da portaria e revisão dos limites da terra indígena.” Há ainda a expectativa pela demarcação de mais três reservas na região Sul: em Toldo Imbu (SC), Palmas (PR) — dos Kaingang — e Cantagalo (RS) — dos Guarani.