Na madrugada do dia 5 de outubro, três médicos foram executados e um ficou ferido como resultado de um ataque brutal em um quiosque na orla da Barra da Tijuca, zona nobre do Rio de Janeiro. As vítimas fatais do ataque foram Diego Ralf de Souza Bomfim, de 35 anos, Marcos de Andrade Corsato, de 62 anos e Perseu Ribeiro Almeida, de 33 anos. Daniel Sonnewend Proença, de 32 anos, é o único sobrevivente do ataque. Todos os executados eram médicos do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e estavam no Rio de Janeiro para participar de um congresso de ortopedia.
A ação obedeceu critérios clássicos de execução: os assassinos desceram de um carro que passava pela Avenida Lúcio Costa, em frente ao quiosque e onde fica o hotel em que os médicos estavam hospedados e dispararam ao menos 33 vezes contra as vítimas. Nenhuma ameaça foi proferida e nenhum item foi roubado. Segundo as investigações, a ação durou cerca de 20 segundos. Por enquanto, não há evidências de planejamento prévio ou monitoramento das vítimas.
O crime atroz contra os médicos levantaram duas possibilidades: a primeira, de se tratar de uma execução por motivações políticas; a segunda, de terem sido executados por engano. A primeira é reforçada pelos vínculos familiares de Diego Ralf de Souza Bomfim, irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e cunhado do político de mesmo escalão Glauber Braga (PSOL-RJ). Sâmia já havia denunciado em agosto de 2022 e-mails que recebeu com ameaças de morte e estupro. Na época, outras parlamentares haviam recebido e-mails semelhantes, todos oriundos de grupos de extrema-direita. Por outro lado, uma outra linha da investigação preliminar em andamento, afirma que eles teriam sido confundidos com integrantes de um grupo paramilitar da zona oeste da cidade.
Independente do que se comprove, o que este acontecimento escancara desde já é o nível de atuação e domínio em que chegaram os grupos paramilitares no Rio de Janeiro. Atuantes sobretudo nas periferias da cidade, as ações destes bandos ganham cada vez mais relevância. As investigações, conclusões, e mesmo a prisão dos executores imediatos, se ocorrer, dificilmente mudarão esse grave quadro que se instaurou.