Estudantes e pais dos 43 de Ayotzinapa durante o protesto pelos estudantes de Mactumactzá. Foto Cristina Rodríguez
Após operação das forças policiais mexicanas contra um protesto na Escola Normal Rural de Mactumactzá, 93 estudantes foram detidos, e 130 estão desaparecidos. Entre os detidos, 73 são mulheres que denunciaram abusos e outros sexuais feitos pelos policiais.. A raiva ensandecida do velho Estado mexicano contra os jovens iniciou-se após o protesto estudantil contra a forma que seria aplicado o exame de admissão à escola, no dia 18 de maio, no estado de Chiapas.
As estudantes que haviam sido detidas e sofrido diversos tipos de abuso sexual foram mais tarde postas em liberdade condicional e iniciou-se contra elas um processo. Enquanto os outros estudantes permaneceram na prisão de El Amate.
Contra a aplicação de provas on-line
Numa entrevista, uma aluna da escola – que pediu para não ser nomeada – lembrou que desde o início de Abril os alunos começaram a mobilizar-se para protestar contra a decisão das autoridades educativas de Chiapas de realizar o exame de admissão à escola por meios eletrônicos, não presencialmente.
“O ano passado, devido à pandemia, o exame foi virtual, com muitas irregularidades no processo, porque a rede não era boa e porque muitos de nós viemos de comunidades distantes e por vezes nem sequer sabemos como utilizar um computador. Este ano foi a mesma situação, mas com a diferença de que os candidatos tinham de trazer o seu próprio tablet ou computador”, explicou a jovem.
Quanto maior a repressão, maior a resistência!
Dois dias depois da repressão , em 20/05, um caminhão de carga atropelou um bloqueio de estrada mantido por jovens estudantes da Escola Normal Rural “Carmen Serdán” em Teteles, Puebla. Duas jovens morreram e outras três ficaram feridas. As jovens protestavam contra a detenção de seus companheiros e companheiras estudantes em Chiapas.
Em Oaxaca, 21/05, a polícia estatal a bordo de tanques e caminhões e com armas de fogo atacou estudantes pertencentes à Coordenadoria Estudantil Normalista do Estado de Oaxaca. A entidade organizou um protesto no mesmo dia em que os agentes da repressão espancaram estudantes e apontando armas de fogo às suas testas.
As prisões geraram um intenso sentimento de solidariedade entre todo o povo mexicano. Foram organizados comícios durante as visitas aos presos. As famílias dos cerca de 90 estudantes encarcerados injustamente pelo velho Estado mexicano se organizaram para arrecadarem e levarem alimentos para os estudantes.
Dessa forma, as agressões desesperadas desatadas pelas forças repressivas estão a encontrar uma resposta ampla e unificada de amplos contingentes do movimento popular. São esperadas mobilizações em todo o país nos próximos dias.
Protesto pelos estudantes da Escola Normal Rural Mactumactzá. Foto Cuartoscuro
Diante da sanha sanguinária do velho Estado burocrático-latifundiário e de outros reacionários mexicanos contra a juventude, principalmente a camponesa, estudantes de diversas escolas normais realizaram manifestações. Participaram as Escolas Rurais Normais de Tenería, Estado de México; San Marcos, Zacatecas; Cañada Honda, Aguascalientes; Panotla, Tlaxcala; de Mactumactzá, Chiapas; Raúl Isidro Burgos, Ayatzinapa;
Também, na Cidade do México, no dia 24 de maio, ocorreu uma manifestação denunciando a repressão contra o movimento normalista em Chiapas e Puebla, bem como em Oaxaca. Essa mobilização visou denunciar o governo federal pela sua conivência e silêncio cúmplice na repressão do movimento normalista. A ação foi dirigida por organizações como a Federação dos Estudantes Camponeses Socialistas do México, o Comité de Mães e Pais dos 43 estudantes de Ayotzinapa e outras.
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Além disso, formou-se uma campanha que exige a libertação imediata e incondicional dos estudantes que permanecem na prisão. O Ministério Público do Estado se recusa a fornecer informações; a apresentação viva dos estudantes cujo paradeiro ainda é desconhecido, cujo número varia entre 160 e 250; que exige punição à polícia que perpetrou violência sexual contra as estudantes; que demanda o respeito e cumprimento da lista de exigências da base estudantil da Escola Normal Rural de Mactumatzá e, finalmente, o fim da repressão contra os Colégios de Formação de Professores Rurais e contra a Federação de Estudantes Camponeses Socialistas do México.
Tomaram parte dessa campanha os movimentos democrático-revolucionários mexicanos como o Coletivo Popular de Propaganda, o Movimento Estudantil Popular (MEP), as Brigadas Juvenis do Povo (BJP), o Movimento Feminino Popular (MFP-México) e Corrente do Povo-Sol Vermelho (CP-SV).
Pais exigem libertação imediata e incondicional dos estudantes detentos. Foto: Reprodução/ 24horasqroo.mx